Você, querida mãe, que acha que já aturou de tudo nesta curta vida materna, desde xixi na roupa, cocôs variados e jatos de vômito, saiba que o pior está por vir: as festas da escolinha. Sim, um bando de pais atrapalhados com a filmadora e mães tentando se equilibrar em cima de um salto 15 com um bebê no colo e a cinta pós parto apertando tanto abaixo do peito que é possível ver a gracha transbordando pelas laterais do vestido (estampado, óbvio).
Eu e o Fábio não podíamos quebrar a regra na noite de hoje, na festa de Natal do Vítor. Fomos devidamente disfarçados de pais. Mamãezinha com modelito de florzinhas. Papai com a câmera pendurada no pescoço.
Juro que não vou reclamar do horário inadequado da festa (20h30min, hora que certamente muitos dos bebês já estão indo dormir), da música alta (muito alta, diga-se de passagem) e do playlist duvidoso (qual criança não gosta de sertanejo universitário, né?). Quero me deter a um pequeno (gigante) detalhe: os presentes.
A direção da escola solicitou que cada família mandasse um presentinho (inho mesmo) para que o Papai Noel entregasse para a criança, como um ato simbólico. Até aqui tudo bem, embora eu considere desnecessária a associação imediata de Papai Noel com presente. Acontece que ao passar ao lado da mesa dos embrulhos notei o tamanho das embalagens. Simplesmente gigantes! E como se não bastasse pude ver uma bicicleta separada para o bom velhinho dar para um dos alunos. Uma BI-CI-CLE-TA. Em uma festa escolar. Só eu acho o fato absurdo?
Antes de continuar uma pequena observação: não comprei nada para o Vítor ganhar na festa. Ele tem tudo que precisa, então peguei um dos seus brinquedos e coloquei em uma caixa colorida. Pensei que assim ele poderia ter seu primeiro contato com o Papai Noel (disputadíssimo, por sinal) e que iria se divertir com a embalagem, pois ele adora qualquer saco plástico, guardanapo ou caixinha de papelão.
Seguindo… Qual a necessidade de presentear uma criança em uma festa da escola com uma bicicleta? Mostrar para os outros que tem condições? Despertar a inveja em criancinhas inocentes em fase de formação moral e construção de valores? Plantar a sementinha do capitalismo selvagem e do consumismo no coração dos pequenos? Não vejo nenhuma explicação válida.
Daí o que eu fico pensando é na batalha que vai ser criar meu filho no meio de tudo isso. Sempre lutando contra a maré. Sempre sendo A chata que vê problema em tudo e reclama de tudo.
Mas quer saber? Eu adoro um desafio. E deste eu não abro mão. Bato pé e faço cara de má. Nem que tenha que enfrentar o Papai Noel, mas o que estiver ao meu alcance (e até um pouquinho além) eu vou fazer para que meu filho possa ter uma infância melhor. Menos exagerada. Mais simples. Com certeza muito feliz.