Arquivo mensal: setembro 2012

Cenas de uma manhã com dois bebês em casa

Segunda acabou a licença do Fábio. Ele ficou 15 dias direto comigo e com as crianças, dividindo todas as tarefas da casa e os cuidados com os filhos. Nem preciso dizer que foi maravilhoso, né?

Agora que ele voltou ao trabalho eu tive que encarar a realidade. E ela não é nenhum pouco bonita ou organizada. Mas tudo bem, a gente tenta!



O que tenho feito para fazer funcionar e conseguir melhorar a situação aqui de cima:

– Estabelecer prioridades e metas. Por exemplo: como durante a manhã fico com o Vítor e a Clara a meta é arrumar os quartos. A sala e a cozinha fica para a tarde, quando o Vítor vai para escola e tenho um tempo entre uma soneca e outra da Clara.

– Ter um espaço seguro para o Vítor. Assim posso amamentar a Clara com tranquilidade, sem ficar gritando “não mexe nisso” ou “não faz aquilo”. O que tenho feito é trancar o Cachorro na sacada (para ele não ficar pegando os brinquedos do Vítor e o lambendo), fechar a porta do banheiro e bloquear o acesso para a cozinha com uma cadeira. O que resta para ele são três peças: sala e quartos. Deixo os brinquedos pelo chão e coloco uma música ou um DVD. Pronto, ganho algum tempo sem me preocupar.

– Contar com a ajuda de uma faxineira. Nossa ajudante vem uma vez por semana e isso faz uma diferença incrível. Ela fica com o serviço “pesado” e a gente tenta manter tudo mais ou menos nos outros dias. Tem dado certo.

– Almoçar fora. A gente almoça fora, mesmo com a Clara com menos de um mês. Moramos em uma cidade pequena e é relativamente tranquilo ir em um restaurante com dois bebês. Se está chuvendo ou muito frio o Fábio traz comida. Facilita horrores!

Mesmo assim… algumas coisas escapam do meu controle. O fato de eu ter um filho bagunceiro é uma delas!

Do verbo parir

A maternidade nos transforma. É ao mesmo tempo um enorme clichê e uma imensa verdade. Leio alguns posts antigos do blog e chego a não me reconhecer. Percebo textos marcados pelo conformismo e pela falta de informação.

Por isso que reafirmo que o nascimento da Clara representou o meu renascimento materno. Uma vontade forte de viver a chegada de um filho mais uma vez, mas agora diante de um novo posicionamento. Com mais paixão e entrega à maternidade. Mais intensidade.

E assim que busquei meu caminho para um parto diferente. O do Vítor foi normal, mas com diversas interferências que nunca tinha ousado questionar. Tricotomia, lavagem intestinal, fórceps e episiotomia. Um monte de palavra feia colocada diante de mim como “rotina”. Tudo devidamente aceito simplesmente por eu jamais ter pensado que faria diferença. E fez. Muita.

Fez diferença quando eu me dei conta que entreguei meu primeiro parto para o fórceps. Hoje consigo perceber que faltou justamente o que procuro agora: entrega. Desde a gravidez eu não conseguia me entregar ao fato de que seria mãe (por N motivos). Não que eu não estivesse feliz, porém faltava uma série de coisas para que talvez eu me sentisse mais segura (fatores emocionais e práticos mesmo, como estabilidade financeira). Sem dúvida, isso tudo teve influência no parto do Vítor e no modo como eu vivi aquele momento.

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Depois de refletir sobre as marcas que ficaram da minha primeira experiência surgiu a vontade e a necessidade de fazer diferente. Assim, busquei informação, questionei, fui atrás. Tenho que destacar que minha médica (a mesma que acompanhou a gravidez e o nascimento do Vítor) entendeu minha nova posição e foi uma grande parceira durante todo processo.

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E então… vamos ao parto da Clara.

Eu estava grávida de 39 semanas, mas desde a 37ª preparada para o “qualquer hora”, pois tinha 7 centímetros de dilatação.

No feriado de 7 de setembro o Vítor acordou um pouco antes das 10h e veio para nossa cama. Ficamos em família, curtindo a preguiça. Planejamos o que faríamos durante o dia. Depois, nos arrumamos e fomos dar uma volta com o Dexter.

Durante a caminhada comecei a sentir um pouco de dor. Passamos na frente do hospital e o Fábio até brincou que eu já podia ficar por ali mesmo. Seguimos enquanto a dor aumentava. Comentei que a gente deveria ir um pouco mais rápido, para conseguir chegar logo em casa.

Quando chegamos eu disse que ia falar a médica. Ela não atendeu o celular e liguei para o número residencial. O marido disse que ela estava no hospital. Conversei com o Fábio e resolvemos ir direto para lá. Arrumei as coisas do Vítor e minha mãe o buscou.

Enquanto eu ia de um lado para o outro só pensava: “Minha filha vai nascer”. Era nisso que eu queria focar, sem pensar em dor ou qualquer outra coisa. Fui para o banheiro e ficava me contorcendo entre uma contração e outra. Fábio levou as bolsas para o carro e fomos para o hospital.

Na recepção do hospital demoraram para nos atender. Eu estava impaciente e disse para o Fábio que ia subir para a maternidade sozinha (a louca!). Abri a porta e segui até o elevador, gemendo. Como não sabia em que andar era o centro obstétrico, apertei em todos os botões. Pelo caminho dois enfermeiros me acharam e seguiram comigo até o lugar certo.

Quando fui para a sala de pré-parto a bolsa rompeu. Uma enfermeira me ajudou a deitar e fez um toque: 10 centímetros. Correria e mudança de sala. Antes de sentar na cama senti vontade de fazer força (e fiz). Uma enfermeira veio e colocou a mão embaixo das minhas pernas, como se tivesse medo que o bebê fosse cair ali mesmo.

Fiquei semi-sentada na cama e uma médica conhecida que estava na maternidade para ver uma paciente começou a se preparar para o parto, pois a minha obstetra estava no centro cirúrgico. Fui fazendo o que meu corpo mandava, sem pensar, me entregando ao momento.

Minha médica chegou e lembro de ter perguntado pelo Fábio. Uma enfermeira avisou que ele estava subindo. Pena que não deu tempo dele chegar. Clara nasceu ali, no terceiro empurrão que eu fiz. Deslizou do meu corpo para a vida através da minha própria força. Senti cada pedacinho dela saindo. Uma sensação incrível, que não tive no parto do Vítor e jamais vou esquecer.

Foi tudo muito rápido e intenso. Assim que ela nasceu, veio para meu colo e a coloquei no seio. Sugou com força enquanto procurava com o olhar o meu rosto. Fábio chegou e compartilhou com a gente aquele momento de paz, de plenitude. E do mesmo jeito seguimos… vivendo toda entrega que a maternidade e a paternidade nos exige, de uma forma tão natural e apaixonante quanto naquele dia. Única.

A primeira semana

Ontem comemoramos a primeira semana de vida da Clara. Fomos os quatro almoçar em um restaurante perto de casa. O caos já começou antes mesmo de sair. Foi uma novela até que todos estivessem prontos. Antes de entrar no carro os dois pequenos já estavam chorando. Mas enfim, apesar de praticamente jogar a comida goela abaixo, deu tudo certo e sobrevivemos à saída em família. Chances de repetir a façanha? Não tão cedo.

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A Clara é um bebê muito tranquilo. Não consigo lembrar direito como foi com o Vítor logo no início, mas não acredito que tenha sido tão calmo. Na verdade, o que tem sido mais difícil mesmo é administrar a rotina do baby mais velho. Rotina? Mas que rotina?

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O Vítor sempre dormiu bem e tinha uma rotina bem estruturada. Sim, tinha, no passado. No presente, a situação ainda está meio caótica. Ele desregulou o sono e começou a acordar mil vezes durante a noite. Na semana que passou já aconteceu de tudo, desde Galinha Pintadinha às 2 da madrugada até tentativas de cama compartilhada.

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Mas como bagunça pouca é bobagem… também rolou doencinha. Vítor com muita tosse (o que não favoreceu nada na hora de dormir) e Fábio com virose. Exatamente, o pobre pai de licença, que deveria ajudar a cuidar, teve que ser cuidado. Ficou de cama e tudo.

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E com medo de que eu ou as crianças pegassem a virose acabamos acampando na casa da minha mãe por uma noite. Imaginem a quantidade de tralha que tive que carregar para dormir fora com os dois pequenos. Imaginou? Agora multiplica a imagem por 10. Assim era a cena.

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Bom, apesar dos momentos complicados ser mãe de dois é uma experiência incrível. Ver o Vítor perto da irmã e todo carinhoso com ela é algo indescritível. Ele não demonstra ciúmes, apenas fica mais agitado quando recebemos visitas e quer chamar a atenção (o que é mais do que normal). Em breve um post sobre o primeiro contato do Vítor com a irmã e sobre as reações dele. Agora deixo uma fotinho da Clara ainda na maternidade. Mais imagens no blog do Cris Frantz, que acompanhou a chegada da nossa pequena e registrou o momento.

Meu (re)nascimento materno


A Clara nasceu no dia 7 de setembro, às 11h21min. Linda, serena e corada. Com 3,710 quilos e 49,5 cm, em um parto normal emocionante.

Volto em breve com as novidades dos últimos dias. Quem quiser notícias extras da gente pode curtir a página do blog no Facebook e acompanhar lá um pouquinho mais da vida do agora projeto de mãe de dois.

Beijos!