Não, elas não existem. Mas confesso que ouvi muita bobagem considerada milagrosa na minha busca por uma luz no fim do túnel das mordidas e das agressões na escola.
Para tentar resumir a nossa experiência (e quem sabe ajudar outras mães na mesma situação), resolvi juntar aqui o que deu certo e o que não deu. Apenas destaco que é uma vivência totalmente pessoal, que não necessariamente funciona da mesma forma em outras famílias, orientada pela psicóloga da escola e pelas professoras que trabalham diariamente com o Vítor em sala de aula.
A situação
Fato – Vítor começou a morder os colegas e bater (dar tapas) nas professoras. Logo o comportamento deixou de ser limitado ao ambiente escolar e passou a se repetir em casa.
Reação – A minha reação inicial foi de pânico. Na verdade, sem tanto drama, fiquei preocupada e me senti culpada. Achei que a agressividade poderia ser um reflexo de alguma frustração ou carência. Porém, quando conversei com a psicóloga da escola fiquei mais tranquila. Ela colocou que o ato de morder e/ou bater na idade do Vítor (1 ano e 3 meses) é normal, faz parte do processo de desenvolvimento da criança e da percepção de mundo. Além disso, ela explicou que pode ser um jeito que ele achou de se expressar (nada delicado, mas fazer o que, né?).
Ação – O conselho da psicóloga foi dizer NÃO. Explicar que bater é feio, que legal é fazer carinho, que a mamãe e os amiguinhos não gostam quando ele morde e todo o tralalá básico infinitas vezes, ou seja, sempre que ele tentar morder ou bater. A professora também sugeriu que quando ele ignorasse o discurso (quase sempre, pelo menos no início) a gente colocasse ele de castigo. Como assim, castigo? Calma, eu explico. Não é trancar a criança em um quarto escuro e deixar chorar forever. É tentar desviar a atenção e fazer com que ela se acalme. Na escola, as professoras começaram a colocá-lo sentado na cadeirinha para assistir um pouco de TV. Em casa, a gente optou por deixá-lo uns minutos no cercadinho com algum brinquedo.
A prática – Na prática, foi muito cansativo. Realmente, tivemos que repetir o papinho do bater não é legal um milhão de vezes por dia. Chamar a atenção, mas sem xingar, e usar a teoria do castigo até cansar.
Situação atual – Faz mais de um mês que estamos tentando corrigir a questão das mordidas e das batidas. Ele já mudou? Um pouco, mas ainda tem alguns chiliques (especialmente em público, para a alegria da mamãe). Então, continuamos com as mesmas ações, na tentativa de minimizar ao máximo a situação.
O que funcionou
Chamar a atenção toda vez que ele vai morder ou começa a bater – Funcionou bem. No início, ele mordia ou batia mesmo depois da gente dizer não. Agora, geralmente nos ouve, olha atento pra gente e não morde ou bate.
Castigo – Os castigos ajudaram mais no início. Como o Vítor começou a respeitar quando a gente chama a atenção dele, não é mais necessário colocá-lo no cercadinho ou em uma cadeirinha para desviar a atenção.
O que não funcionou
Gritar – Algumas vezes eu perdi a linha e acabei gritando. Ele ficava assustado e começava a chorar. Outras vezes continuava mordendo ou batendo. Enfim, aconteceu, porém não aconselho. Não ajudou em nada no processo.
Rir – Preciso explicar que isso só reforçava o comportamento negativo?
Fingir que estamos chorando – Vítor nunca caiu nessa e geralmente começava a rir. Mais uma atitude que só reforçava o comportamento negativo, pois ele achava graça e queria repetir.
Morder de volta ou bater na mão – No desespero inicial eu tentei mordê-lo de volta ou bater na mãozinha dele. Por favor, não chamem uma assistente social, mas fui na onda de um daqueles conselhos furados. Logo vi que não ia levar a nada ou mesmo que levasse, não era a melhor forma de conduzir a situação (pelo menos não dentro do meu jeito de maternar).
Enfim, é difícil? Sim, e muito. O segredo? Eu diria que não existe, mas a chave para lidar bem com a situação é manter e calma e tentar alinhar uma conduta com as pessoas que convivem com a criança (no nosso caso pai, mãe, família e professoras).
Não adianta nada os pais seguirem uma linha de ação e na escola as professoras conduzirem a situação de um jeito totalmente diferente. O mesmo vale para a família. No início, algumas pessoas achavam graça quando o Vítor mordia ou batia em alguém. Conversamos com todos e pedimos para eles reforçarem o não e o diálogo. Isso ajudou bastante.
Se alguém mais já passou por isso e quiser compartilhar, sinta-se livre nos comentários!