Eu diria que o parto ensina uma verdade constante da maternidade: a gente não controla nada.
No parto a gente não controla a mente, o corpo, a dor. A gente sente e age. É só emoção, nada de razão. É intensidade, é explosão. É amor.
Na maternidade a gente não controla as doenças, os acidentes, os perigos externos, as descobertas. A gente sente e age (ou reage). É muita emoção, embora de vez em quando a gente tente agir com a razão. É intensidade, é explosão. É amor.
Sendo assim, deixar o parto acontecer de forma natural é entregar, de coração aberto, o controle. É aceitar que dali em diante a vida ganha outro rumo, um caminho totalmente novo, cheio de surpresas.
Mas aceitar perder o controle não é fácil (e por isso, talvez, muitas mulheres optam por entregar seu parto para o médico e escolhem fazer uma cesárea). Exige perceber nosso corpo e nossa origem: somos animais, mamíferos.
Para alguns, parto é “feio”, pois envolve sangue, fezes, urina. Justamente por isso, penso eu, um “bom” parto (bom no sentido de ser algo visto positivamente pela mãe, como um momento realmente especial na sua plenitude, como processo completo, não só pelo nascimento do bebê) depende do quanto a mulher é capaz de se desprender de todo o resto e se conectar com o próprio corpo.
Não é fácil também pelo fator desconhecido. Pode acontecer qualquer dia, qualquer hora, começar em qualquer lugar. Tem gente que simplesmente não consegue lidar com isso, seja por medo, insegurança ou outro motivo.
Enfim, o que eu diria para uma grávida é que o parto é algo único e que merece ser vivido na sua totalidade. Não pode existir sensação melhor do que um filho saindo do ventre para o mundo. Até hoje, consigo fechar os olhos e reviver aquele segundo de silêncio entre um gemido e um choro. Um segundo de concretização de todo amor possível.
Por isso, eu diria: permita-se. Entregue-se à maternidade antes mesmo do seu filho nascer. Não deixer de viver algo tão intenso. Sublime.
Ocitocina, baby
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