Arquivo mensal: fevereiro 2013

Irmãos

Adoro olhar as fotos de quando o Vítor tinha a idade da Clara e ficar analisando. Muitas pessoas me dizem que acham os dois iguais, só a Clara mais branquinha (faz jus ao nome).

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Eaí, o que vocês acham?

Na primeira foto o Vítor com 6 meses e na segunda a Clara com 5.

Vaca leiteira, prazer!

Esta semana comecei a sair algumas manhãs para trabalhar. Enquanto isso, as crianças ficam com uma babá em casa. Como a Clara mama exclusivamente no peito, eu tiro leite e deixo para ser dado de colher.

Para a tarefa de ordenha (tem como não se sentir uma vaca leiteira usando a palavra “ordenha”?), comprei uma bomba elétrica, modelo Mini Eletric, da Medela. É uma das mais simples da marca, mas busquei referências e algumas amigas que usam me garantiram que ela dá conta do recado.

Acontece que eu tenho (muita) dificuldade para tirar leite. Acho que é uma mistura de falta de prática e paciência, que resulta em menos de 30 ml por vez. Para sair segura, preciso deixar no mínimo 100 ml. Sendo assim, tenho que fazer a extração de três a quatro vezes por dia (o que vem a ser um saco, na minha modesta opinião).

Então, busquei algumas dicas para tentar otimizar o negócio. Compartilho aqui, pois podem ser úteis para outras pessoas que vão encarar o desafio de voltar a trabalhar ou estudar ao mesmo tempo em que amamentam.

1 – Líquido, líquido, líquido.

Aumentar a ingestão de água resulta em maior produção de leite, o que pode ajudar na hora de fazer estoque. Antes, eu já tomava cerca de 2 litros por dia. Agora, estou tentando aumentar e tomar pelo menos 3. Para isso, tenho que me “policiar” e estar sempre com uma garrafinha por perto. E haja banheiro!

2 – Relaxar

Primeiro, eu tirava leite quando dava, entre uma coisa e outra, como uma tarefa a mais que precisava ser feita. Agora, tento relaxar e fazer a ordenha (saco de palavra – vaca, vaca, vaca!) com calma, preferencialmente depois de um banho quente, sozinha e em silêncio. Notei que quando estou realmente tranquila consigo tirar um pouco mais.

3 – Estoque

Ter um pouco de estoque congelado é uma garantia e uma segurança. Assim, eu não me sinto pressionada a ter que tirar tal quantidade por dia. Isso ajuda também em baixas de produção.

4 – Tirar leite em um seio enquanto o bebê mama no outro

Realmente funciona, pois o bebê mamando estimula a produção. Mas agora me digam: onde eu acho coordenação para fazer essas duas coisas ao mesmo tempo? Só sendo ninja! Isso sem falar que a Clara queria ver o que tava acontecendo e não mamava tranquila. Preciso praticar mais!

Mais dicas, sugestões? Troca de experiência, um abraço solidário ou palavras de incentivo?

Com que roupa

Uma das melhores coisas do home office, na minha opinião, é não precisar se preocupar com roupa. É possível trabalhar de pijama ou com aquele moletom velho e a calça de suplex com um furo no meio das pernas. A única regra é estar confortável, o resto… tanto faz!

Acontece que a partir de amanhã vou trabalhar na agência alguns dias da semana. Além disso, logo começa o meu estágio docente do mestrado. Então, em resumo, eu vou tem que encarar a vida real outside e, de preferência, vestida de acordo.

Mas vejam bem: o que sobra de sapato e roupa no armário de uma pessoa que praticamente emenda uma gravidez na outra? Eu conto: meia dúzia de sapatos baixos (salto nevermore), uma calça jeans um tanto apertada e uma série de blusas curtas ou justas (ou curtas e justas, o que chega a ser a visão do inferno no meu corpitcho atual, com uma comissão de frente turbo pela amamentação e aquela pança flácida que insiste em não ir embora).

Somem isso ao cabelo sem corte (salão, aqui, tem sido apenas para urgências – e olhe lá) e as olheiras que não me deixam mentir o status de mãe de dois. O resultado:

Uma versão acabada da Mortícia: preto para disfarçar os quilinhos a mais, cabelo escorrido e make no capricho, para esconder as olheiras no chão

Uma versão acabada da Mortícia (a da imagem tá bonitona): preto para disfarçar os quilinhos a mais, cabelo escorrido e maquiagem (muita) para esconder as olheiras no chão

Autoestima. A gente vê por aqui.

Home office

ou

O que diabos a mamãe tanto faz na frente do computador?

Desde janeiro assumi um novo esquema de trabalho home office. Sou jornalista e estou fazendo trabalhos com uma agência de comunicação. Tenho uma certa demanda que consigo resolver em casa, online. Outra parte das minhas atividades, que envolve contato com clientes, faço em horários alternativos, quando o Fábio chega do trabalho e assume as crianças.

E como alguém consegue trabalhar em casa com duas crianças ao redor?

Então, é bem difícil. Exige disciplina, concentração e foco. Eu, por exemplo, ainda me considero em adaptação e tenho enfrentado algumas dificuldades.

A principal delas é achar um horário para dedicar exclusivamente ao trabalho. Para isso, tenho que encaixar tempo quando as crianças estão dormindo, pois mesmo quando o Fábio está em casa e fica com os dois não funciona, eu me disperso com facilidade. Como a soneca da tarde nem sempre é garantida (também não é sempre que os dois dormem no mesmo horário), o que me resta é à noite (depois das 23h, mais ou menos) ou de manhã (até umas 9h ou 10h, quando eles acordam).

À noite, eu geralmente estou exausta e não consigo fazer nada. Já de manhã, tenho que me fiscalizar para conseguir acordar cedo.

Também é complicado pelos imprevistos, que, obviamente, acontecem quando tenho um prazo no limite de um trabalho super importante. Por imprevistos, leia-se: criança que acordou durante a madrugada, bebê doente, febre, dentes nascendo, enfim, uma infinidade de possibilidades que quem é mãe conhece bem.

Outra coisa que considero negativa é o fato de nunca me desligar do trabalho. Parece que não existe limite entre vida pessoal e profissional. Em uma empresa ou escritório regular, a pessoa vai embora, fecha a porta e pronto, vai para casa ficar em família (claro que também tem gente que leva trabalho para casa, mas parece mais nítida a separação).

Já eu, tenho tudo junto. Meu escritório é na minha sala, meu email de trabalho está sempre aberto no notebook, o celular para amigos é o mesmo que para clientes. Assim, ainda tenho que me adequar para marcar melhor a diferença entre tempo profissional e tempo pessoal, para evitar uma carga desnecessária de estresse.

O que acontece muitas vezes é eu passar o dia inteiro com o computador ligado e volta e meia sentar uns minutos para ver email e responder alguma coisa. De vez em quando também rola um trabalho urgente em cima da hora, daí o jeito é tentar fazer com o Vítor e a Clara por perto mesmo.

Por isso… foco é fundamental! E é nisso que estou deixando a desejar.

Então, justamente por essa falta de foco, acho que estou perdendo em qualidade para os dois lados, tanto quando preciso trabalhar, quanto nos momentos com as crianças. Não me sinto inteira para coisa nenhuma. Sendo assim, conversei com o Fábio e decidimos contratar uma babá para o turno da manhã. O objetivo é me liberar para conseguir resolver tudo que for necessário e depois poder aproveitar a tarde e noite com as crianças.

De tal modo, não preciso abrir mão do que eu tanto queria, que era passar mais tempo com meus filhos.

E lá vamos nós outra vez, buscando o arranjo mais ideal possível para nossa família!

Como é possível ter foco com uma coisinha gostosa assim por perto?

Como é possível ter foco com uma coisinha gostosa assim por perto?

Estudo x Maternidade

Conciliar estudo e maternidade é um grande desafio. Sim, é possível, mas não sem ajuda e malabarismo.

Eu fui aprovada na seleção do mestrado quando engravidei da Clara. Recebi em uma semana a notícia de que tinha ganho a bolsa que tanto queria e na outra um positivo em um teste de farmácia. Foram duas grandes novidades que surgiram ao mesmo tempo e o negócio era dar um jeito.

A barriga e a pilha de livros para ler aumentavam na mesma proporção. Tentava direcionar os trabalhos e as leituras para os horários em que o Vítor estava dormindo. Além disso, no fim de semana contava com a minha mãe, que o levava para passear e me dava algumas horinhas de silência para estudar.

Grávida de seis meses participei de um evento e apresentei um trabalho em Santa Maria, cidade que fica a aproximadamente 3 horas da onde moro. Contei com a ajuda do meu avô, que assumiu a direção e me levou até a universidade, para que eu viajasse com mais conforto.

Fui nas aulas até duas semanas antes da Clara nascer e só parei pelo medo de entrar em trabalho de parto na estrada (a instituição onde faço o mestrado fica na cidade vizinha, 30 minutos de distância). Em casa, já de licença, corri contra o tempo para finalizar os artigos das disciplinas em andamento.

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Eu, Clara e Benjamin refletindo sobre narrativas

Quando a Clara nasceu, continuei ativa na universidade. Com 3 semanas, a pequena me acompanhou em uma palestra. Nos meses seguinte, foi comigo em uma defesa de dissertação, em reuniões do grupo de pesquisa e orientações.

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Que palestra chata, mãe! Vou dormir

Minha ajudante na apresentação do grupo de pesquisa

Minha ajudante na apresentação do grupo de pesquisa

É difícil? Sim, sem dúvidas. Achar tempo para estudar entre uma mamada e outra, escrever projeto de dissertação com o Vítor batendo na porta e gritando mãe, ler com música infantil de fundo, tudo isso acontece… e muito! É complicado conseguir sentar e me concentrar exclusivamente no que preciso, mas enfim, para tudo a gente tem que dar um jeito.

Tenho a sorte de ter uma verdadeira equipe ao meu lado, que me incentiva e ajuda em tudo que é necessário. O Fábio, meus pais e meus avós ficam com as crianças, me dão força e motivam o tempo todo. Além deles, tenho que agradecer meus colegas e a equipe do mestrado, em especial minha orientadora Fabiana Piccinin (que, inclusive, tirou a foto da palestra e a imagem em sala de aula). Todos entendem a minha posição de mãe e a minha postura de criação com apego. Assim, possibilitam que eu siga em frente, sempre com meus filhos por perto.

Coisas de Vítor

Meu pai torce para o Grêmio e o Fábio para o São Paulo. Meses atrás, Vítor aprendeu a falar “Êmio”, para se referir ao Grêmio. Porém, de uns tempos para cá, passou a chamar o Grêmio de “Paulo” (aparentemente do nada, mas penso que foi o papai que ensinou, em segredo). Agora, sempre que vê o símbolo do tricolor gaúcho, aponta e grita “Paulo!”. Eu tento explicar e digo: “Mas é o Grêmio, filho”. Ele me olha, ri e diz: “Paulo”.

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Vítor sempre faz confusão com os verbos subir, “bi”, e descer, “dê”. De vez em quando ele começa “bi, bi, dê, bi, dê, dê”, pois está com pressa e não consegue pensar o que quer expressar. É super engraçado.

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Quer chamar o Vítor para fazer alguma coisa que ele não quer naquele momento (como comer, ir para o carro, tomar banho ou dormir)? Fácil. Basta dizer que vai contar uma história com os elementos macaco, igreja, prédio, bola e água. E hava criatividade! Um exemplo: “O macaco subiu na torre da igreja e viu a bola perto do prédio. Então, ele foi buscar a bola e depois brincar na piscina com a água”. Outro: “O macaco foi no balanço do Vítor, daí a Preta – nome da cadela da minha mãe – viu e pulou na piscina para pegar a bola que tinha caído do prédio. Mais tarde, a Preta foi na igreja”. Vale tudo! Ele escuta na maior concentração e fica mega interessado.

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Vítor sempre ganha roupas que eram do meu afilhado e não servem mais. Na última vez que minha tia trouxe algumas peças, ele viu e memorizou aquilo. Desde então, quando separo uma daquelas peças para ele usar, ele diz “Tutu”, em referência ao Arthur, meu afilhado. Acabou virando uma estratégia. Toda vez que ele foge de mim na hora de trocar de roupa eu digo que vamos colocar uma roupa do Tutu e ele vem feliz da vida.

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Vítor relax com a roupa do violão, outro elemento que serve na argumentação na hora de trocar de camiseta

Brincos e acessórios: é um menino???

Quando eu estava grávida da Clara comecei a pensar sobre a questão brincos. Minha avó queria comprar um par para que a Clara furasse as orelhas ainda na maternidade e eu me dei conta que não queria isso. O motivo principal é: sou contra todo e qualquer procedimento desnecessário com um bebê, especialmente no momento do parto e logo após o nascimento. Então, brincos estavam fora de cogitação, pela agressão ao recém-nascido com um apelo unicamente estético.

Conversei com o Fábio e ele concordou que era desnecessário. Assim, recusei o presente e assumi que a minha filha não teria as orelhas furadas, pelo menos não enquanto bebê.

Obviamente, minha decisão gerou todo tipo de comentário, desde “bebê não sente dor” até “ela nem vai lembrar”. No entanto, o absurdo mesmo foi quando ela nasceu e muitas pessoas começaram a chamá-la de ele só por não ter brincos!

Gente, chegava a ser o cúmulo da idiotice, um desafio para a minha paciência. A menina de vestido rosa, sapatinho de boneca e tudo mais e uma criatura dizendo: “mas que meninO mais lindO!”. Cara de alface total, né? Eu nem me dava ao trabalho de falar nada.

Respeitando a minha decisão, minha mãe resolveu dar uma pulseira de ouro para a Clara, como lembrança do nascimento, que ela poderia guardar para sempre. A pulseira é uma graça e ficou super bonitinha no braço gorducho na minha pequena.

Acontece que neste fim de semana estávamos na praia e a Clara começou a ficar com o olho vermelho e inchado. Como ela coçava muito, fomos até o plantão do hospital verificar o que poderia ser. No fim das contas, deixamos a emergência com um diagnóstico de conjutivite alérgica e uma orientação do pediatra que a examinou e reparou na pulseira: tire já!

Ele explicou que pulseiras e anéis podem resultar em lesões por arrancamento e disse que já atendeu muitos casos do gênero. Achei o argumento coerente, apesar de nunca ter escutado nada parecido. De qualquer forma, resolvi guardar a pulseira em uma caixinha, para que a Clara use quando for maior.

Agora, minha menina está sem nenhum acessório.

E vocês, o que pensam sobre brincos e acessórios? Conhecem alguma história de lesão? A preocupação faz sentido?

Olha minha cara de preocupada para quem me chama de menino

Olha minha cara de preocupada para quem me chama de menino

Um carro, dois bebês e três horas de viagem

No sábado, fomos para a praia. No total, deveriam ter sido três horas de viagem, mas como era feriado e tinha movimento, acabamos levando quatro. Agora, imaginem o que era a gente com casa, cachorro, papagaio, criançada e a minha irmã, tudo e todos dentro de um carro, por QUA-TRO horas. Imaginaram? Pois bem, garanto que foi pior. Muito pior.

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O plano era sair às 6h (assim como a ideia era de que a dupla fosse dormindo). Óbvio que não conseguimos. Partimos rumo ao litoral às 6h45min. Vítor e Clara acordados e com os olhos arregalados. “Logo eles dormem”, penso eu.

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Primeiros 20 minutos de tranquilidade e depois de um pouco de balanço os dois pegam no sono. Chego a pensar que vão dormir por todo trajeto. Engano.

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Lá pela metade do caminho eles acordam. Vamos de Palavra Cantada para tentar manter a calma. Funciona bem, mas por pouco tempo.

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Clara começa a ficar impaciente, com fome. Carro praticamente parado na rodovia, em função do movimento. Minha irmã, que está atrás com as crianças, começa a apelar para a mochila dos brinquedos.

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“Clara, olha aqui a bonequinha”. Vítor quer o mesmo brinquedo. Dá outro para a Clara. Ela chora. Quer peito. Mamãe canta. Aumenta o volume. Família toda dança. Clara chora.

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Carro anda um pouquinho e peço para parar. Assim, troco com a minha irmã e pulo para trás para amamentar com o carro em movimento. PAUSA. Alguém já tentou isso? Nossa, é uma verdadeira façanha dar o peito sem tirar o bebê da cadeirinha. Haja coluna! Porém, melhor assim do que deixar a segurança de lado. Vamos em frente. DESPAUSA.

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Clara mama um pouco, mas continua nervosa. Vítor começa a ficar entediado. Os dois choram em sinfonia. Aumenta o som, papai!

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CD da Palavra Cantada toca pela quarta vez na viagem. Tento mexer os braços freneticamente no espaço de 30 centímetros que sobra pra mim entre uma cadeirinha e outra. “Tibum, tibum, da cabeça ao bumbum, tibum, tibum, da cabeça ao bumbum”.

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Eu, com meu dom de errar todas as frases de uma música, impressiono com a voz desafinada. Os dois seguem chorando. Tenho vontade de descer e ficar na beira da estrada pedindo carona (claro que apenas para pessoas sem crianças no carro).

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Depois de tanto caos, Vítor se acalma e Clara tenta dormir. Faltam poucos minutos. Alegria geral da nação. Esboço um sorriso.

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Quatro horas na estrada e felizmente chegamos. Eu, Fábio, as crianças, minha irmã, o Dexter (nosso cachorro) e meia dúzia de malas. Só faltou um papagaio mesmo.

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A viagem foi cansativa, no entanto valeu a pena pelos dias que ficamos fora. E tem mais: na volta, eu fui recompensada por dois anjinhos que dormiram a viagem inteira. INTEIRA! Volta de Carnaval sem trânsito e em silêncio. O que mais eu poderia pedir? Consegui até superar a ida turbulenta (e começar a planejar a próxima viagem – afinal, mãe é assim, basta o filho dormir a noite toda que ela já pensa em fabricar mais um).

Mustache mum

Um dia qualquer. Uma manhã comum. Lá estava eu, linda e bela (leia-se com as olheiras no pé e descabelada) me arrumando para sair para almoçar com as crianças. Eis que escovo os dentes, levanto o rosto e me olho no espelho do banheiro. Dou uma conferida nas espinhas que insistem em me deixar com um ar meio teen e derrepente baixo os olhos em direção à boca e tenho a visão do inferno. Não é que um senhor bigode tinha nascido na minha cara e eu nem sequer tinha reparado?
mustache+printable Como isso podia ter acontecido e eu não ter me dado conta? Fiz uma revisão mental da última vez que tinha ido no salão colocar a depilação facial em dia. É, fazia mais de um mês. Tempo suficiente para o caos se instalar no meu rosto de forma avassaladora.

Tentei passar base e pó para disfarçar. Que nada, ficou ainda pior. Já atrasada, tive que sair daquele jeito, jurando que todos olhavam para mim e reparavam no maldito. Podia ouvir sussurros e risos maldosos. Minha mente chegou a perceber comentários malignos que nem sequer existiram. “Olha o bigode dela”, “Nossa, que bigodão”, “Será um homem vestido de mulher?”.

Fiquei o dia todo com aquele ar de perseguida e com vontade de ir correndo para o salão. No entanto, não tinha hora, eu teria que esperar mais três dias para dar adeus ao bigode.

Finalmente, hoje dei um jeito no coitado. Agora, já deixei bilhete em tudo que é lugar lembrando da próxima “revisão facial”.

A gente pode ser mãe, fazer 28127182627612 coisas por dia e até perder um pouco da vaidade. Mas bigode? Não, isso já é demais!

Hasta la vista, bigodão.

Amamentação no divã

Hoje, minha pequena completa 5 meses. Desde que nasceu, ela só mama no peito. Quando preciso sair, tiro leite e deixo para o Fábio dar de colher.

Estamos quase alcançando a recomendação de diversos órgãos de saúde (como a Organização Mundial da Saúde e o Ministério da Saúde) de manter a amamentação exclusiva por 6 meses. Para mim, isso é uma conquista, pois não tive sucesso no mesmo quesito com o Vítor.

Vítor começou a tomar complemento com 3 semanas. Meu bico estava machucado e amamentar chegava a me dar pânico. Ele mamava muito e mesmo assim chorava. Daí que todo mundo dizia: “essa criança só mama”, “ele tá com fome” e outros comentários que quem é mãe sabe muito bem. Meu emocional já estava frágil e acabei cedendo. Foi aí que as mamadeiras e o leite artificial entraram na nossa vida. Consegui manter a amamentação em conjunto até apenas 4 ou 5 meses.

O fracasso da primeira experiência foi resultado de um combo de: falta de informação (de saber que seria difícil, mas procurar formas para aliviar – como esvaziar o peito, qual a melhor pomada, etc.), falta de apoio e incentivo, fragilidade, inexperiência e falta de vontade.

Sim, faltou vontade de insistir. Amamentar significava isolamento social, pois eu tinha vergonha de dar o peito no meio de outras pessoas. Significava horas e horas de renúncia. Era quase um tempo perdido, pois eu ficava pensando em tudo que poderia fazer naquela meia hora em que tinha que ficar sentada amamentando.

Com a minha visão atual, chega a doer finalmente ver e entender os motivos que me levaram ao fracasso. Eu dizia que queria muito amamentar. Mas hoje olho para trás e me pergunto: eu realmente queria ou era apenas que o eu achava que deveria fazer?

Outra falha que eu percebi no processo de amamentação do Vítor foi criar expectativas. Eu tinha a expectativa que meu filho dormisse a noite inteira e mamasse de 3 em 3 horas. Óbvio que ele não nasceu com o botão de autoregulagem e nos primeiros meses não tinha como ser assim. Com a Clara, entendi isso e busquei deixar as coisas acontecerem. Sem anotar intervalos entre as mamadas, sem contar o número de vezes que ela acorda. É tudo sentimento e instinto. Está com fome? Peito. Está com sono? Peito. Está com febre? Peito. Simples assim.

Falando de tal forma pode parecer que a Clara fica pendurada no peito 24 horas por dia. Mas olha só que interessante… não!

Penso que através da amamentação eu transmito a segurança que ela precisa e isso tem sido fundamental para a gente seguir em frente. Até … (18 anos?).

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Feliz 5 meses, meu amor!