Fechando praticamente 5 meses de gravidez (sim, tempo VOA, meu povo) começo a lembrar de algumas dificuldades gravidícias até o momento arquivadas na memória seletiva materna (provavelmente perto da gaveta cerebral onde está guardada toda e qualquer recordação da dor do parto).
Mesmo com uma gravidez praticamente atrás da outra existem coisas que a gente esquece fácinfácin.
Sexta fui na biblioteca (vida de mestranda, a gente vê por aqui) e comecei a procurar um livro conforme aqueles códigos doidos que demoram a fazer sentido. Vou catando por aqui e por ali até que acho o primeiro título. Adivinha onde? No lugar mais alto da estante. Largo o celular e a carteira no chão com a maior desenvoltura que a pança permite e me preparo para dar um incrível salto, já que meu um metro e meio de sol (tá, um pouco mais, gente) não era suficiente. Puxo a calça com elástico para cima e a blusa meio toda curta para baixo e pulo. Barriga de fora, peito voando, provavelmente uma cena linda de ver. A mais pura beleza e o brilho da maternidade (só que not). Óbvio que não consegui pegar o exemplar de primeira, mas nada que três ou quatro tentativas tão graciosas quanto a inicial não resolvessem.
A segunda cena do recordar é viver aconteceu em casa, no quarto do Vítor. Ele, pela milésima vez, espalhou as bolinhas da toca pelo apartamento inteiro. Eis que acho duas perdidas embaixo do berço e me abaixo para pegar. Estico o braço e… nada. Falta algo em torno de meio centímetro para eu conseguir. E que meio centímetro sofrido, vou te contar. Cofrinho de fora, cara grudada no piso, barriga esmagada e toda força do mundo para chegar até a bolinha. Depois de alguns longos minutos consigo. Jogo as bolinhas com a maior fúria na toca e juro pra mim mesma que na próxima vez elas podem apodrecer onde quer que estejam.
É muita ternura vinda de uma grávida, não? E a cada dia lembro que as dificuldades só vão aumentar. Pelo menos uma coisa boa: da faxina eu escapo. Pobre, Fábio.