A minha maternidade real começou com o primeiro enjoo e não terminou pelos 60 próximos. Sim, enquanto na maternidade idealizada enjoo é charminho de grávida, na real ele não é tão glamouroso assim. Afinal, qual a graciosidade de vomitar três vezes na mesma manhã e não conseguir nem ver programa de culinária na TV sem passar mal?
E é dessa saga de enjoo-vômito que surge o exaltado e tão comentado “brilho no rosto” de uma gestante. Só pode ser a palidez depois de passar tão mal. Bonitinho, não?!
Mas pulando para a fase delícia da gravidez chegamos no segundo trimestre. Barriguinha crescendo, bebê mexendo gostoso. Evoluções que podem ser substituídas por grávida comendo e engordando enlouquecidamente e bebê metendo o pé com toda força de futuro artilheiro na costela da mamãe.
Minha maternidade real também foi marcada pelas estrias (bem marcada!), pela azia, pela anemia, pela insônia. Kit completo.
Agora na reta final o que prevalece é a ansiedade, o nervosismo, a curiosidade (tá, a dor na pelve também, impossível esquecer desse chato detalhe).
Mas é claro que a minha experiência é limitada. Ela começa e termina ainda na barriga. Mas com certeza depois do nascimento do Vítor a maternidade vai me pegar de verdade e até puxar meu pé enquanto eu estiver dormindo.
Não tem como fugir do mundinho-cor-de-rosa-idealizado que cerca uma mãe desde o início da sua gravidez. A mídia e a sociedade colocam modelos e valores considerados “certos”, “supremos”. A gestação é linda, mágica. O parto tem que ser normal. A amamentação é “natural” e o elo maior entre mamãe e bebê. Logo depois do parto a barriga some e a mãe vai estar novinha em folha pronta para pular num trio elétrico, como as musas baianas. Bullshit!
A verdade é que a maternidade é cheia de erros e acertos e só é plena se vivida com o coração. Não importa ser a melhor mãe do mundo, importa ser o melhor possível, dentro das limitações da rotina, da realidade de cada um. No fim das contas, eu nem queria estrelar uma campanha sobre aleitamento materno mesmo. Muito menos virar uma família margarina. Pra mim o que importa é chegar no fim de cada dia. Agora alisando a pança. Em breve olhando pro meu pitoco com a casa toda bagunçada como se um furacão tivesse passado pelo apartamento. Eu não vejo a hora!