E daí que não escapamos de passar um dia no hospital em função da icterícia do Vítor. Achamos (eu, o Fábio e o pediatra) que a situação seria revertida com banho de luz em casa. No entanto, depois de 17 dias de vida ele continuava amarelinho e o problema já estava se prolongando demais.
Levei o pequeno para fazer o exame de bilirrubina e diante do resultado o médico decidiu internar o Vítor para fazer fototerapia.
Bilirrubina é pigmento amarelo gerado pelas células vermelhas do sangue, a pessoa fica com icterícia quando a formação de bilirrubina é maior do que o fígado consegue metabolizar. Informações do “ABC da Saúde“.
Fomos então para o hospital por volta das 7 e meia da noite. Lá pelas 9 e pouco montaram o equipamento no quarto (incubadora e sistema de luzes). Era hora de tirar a roupinha do Vítor, colocar uma venda nos olhos dele (para proteger da iluminação direta) e acomodá-lo na caminha. Aí começou o terror.
Ele simplesmente ficou desesperado, tanto quanto a mãe dele. Chorava, esperneava, mexia loucamente os braçinhos. Comecei a ficar agoniada e já não gostei daquele negócio. Vi que a noite não seria nada fácil. Eu estava enganada… seria pior do que eu imaginava.
Durante a madrugada a incubadora aqueceu demais, o equipamento foi trocado, o Vítor mamou com dificuldade, meu leite não foi suficiente (acredito que pelo nervosismo o negócio “trancou” um pouco), tentamos dar NAN, ele não aceitou, vomitou tudo, chorou e esperneou mais um pouco. E como se tudo isso não fosse o bastante ainda nos incomodamos com a equipe de enfermagem.
Exatamente! Quando a incubadora foi trocada uma enfermeira monstra colocou o meu filho lá dentro sem antes esperar aquecer. Nem vou falar da grosseria da criatura, isso renderia muitas linhas. Ele ficou inquieto e quando o Fábio tocou a mão dele viu que estava gelada. O pequeno começou a espirrar e tremer o queixo.
Já era cerca de 4 horas da manhã e nós estávamos acabados, com fome, sono, de saco cheio! Olhei para o Fábio e disse: “Chega, vamos para casa”. Peguei o Vítor, tirei a venda e o vesti. Fomos até o posto de enfermagem e falamos que queríamos ir embora.
A enfermeira que estava lá disse que teria que chamar a supervisora de plantão. A responsável foi até o quarto conversar com a gente e nos explicou os riscos de interromper o tratamento. Ela escutou nossas reclamações e prometeu que iria verificar os problemas que aconteceram com a incubadora e a situação com os profissionais que nos atenderam.
Decidimos continuar no hospital com a fototerapia. Eu fui para casa dormir um pouco, pois estava num desgaste físico e emocional sem tamanho. O Fábio ficou com o Vítor e prometeu que qualquer coisa me ligaria.
Cheguei em casa às 5 e meia da manhã e dormi até às 8 e meia. Depois voltei correndo para o hospital para amamentar. Foi a vez do Fábio ir um pouco para casa.
Eu já estava mais calma e acho que consegui passar um pouco da minha tranquilidade para o Vítor. Ele finalmente ficou quietinho na incubadora, dormiu e mamou melhor.
No fim da tarde o pediatra foi ver como o bebê estava. Felizmente ele nos liberou e voltamos para casa. Ficamos no hospital menos de 24 horas e o Vítor melhorou da icterícia.
Foi uma experiência e tanto. Maior dó ver meu filhinho sofrendo daquele jeito. Pior ainda ter que aguentar tudo pelo bem dele. Mas enfim… o que importa agora é que ele tá bem e juntinho da gente em casa, onde é o lugar dele!