Arquivo mensal: março 2013

As últimas do Vítor

Minha irmã mostra para o Vítor uma foto em papel, que eu tinha mandado revelar. Ele olha e diz “main”, que significa “mais”. Na mesma hora, coloca o dedo na foto e faz o movimento de passar a imagem, como se fosse touch screen. Eta geração tecnológica!

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Família no supermercado. Lugar lotado. Fábio vai pegar as frutas e eu “estaciono” os carrinhos (um com cada filho) perto de uma prateleira com bolachas, para esperar. Acabo me distraindo com a Clara e nisso o Vítor pega um pacote de bolachas e abre com uma mordida. Enche a boca e fica com a embalagem embaixo do braço, como quem diz “é meu”.

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Toda vez que o Vítor entra no carro ele diz: “cuca, pai”. Tradução: “música, pai”. Fofo!

Meu menino moleque!

Meu menino moleque!

A educação nossa de cada dia

Um dos maiores desafios da maternidade, na minha opinião, é educar. Não no sentido de transmissão de conhecimento, de ensinar cores, letras e números. Mas, essencialmente, na transmissão de valores, no acompanhamento da constituição de personalidade e identidade e, ainda, na educação de limites.

Tenho tido problemas com o Vítor no que se refere aos limites. Justamente por ter uma personalidade forte, ele tem dificuldade na hora de expressar as suas vontades. Sem saber como lidar com os próprios sentimentos, acaba extravasando com agressividade.

Ele morde, chuta, belisca. Não apenas quando está frustrado ou quando recebe um “não”. De vez em quando acontece aparentemente “do nada”, sem nenhuma motivação perceptível.

Tudo começou quando ele tinha mais ou menos um ano, na escola. Ele mordia os colegas. Desde então, foram várias abordagens e diversas fases, algumas mais tranquilas, outras nem tanto. Agora, com quase dois anos, o que tem sido mais frequento é o ato de beliscar.

Confesso que depois de tanto tempo lidando com a situação eu me sinto cansada. Praticamente um ano de muita conversa, explicações, alguns castigos e sim, algumas atitudes agressivas também da minha parte, das quais eu me arrependo e me culpo pela falta de controle.

É uma batalha diária. Eu quero muito ser uma boa mãe, eu me entrego ao máximo aos meus filhos, desejo que eles sejam pessoas legais e felizes. No entanto, cada vez que eu recebo do Vítor um tapa no rosto parece que vai tudo por água abaixo. Eu perco o chão… não sei mais como lidar, é algo que tem me deixado muito frustrada.

Enfim, precisava desabafar e quem sabe assim encontrar força, ideias, experiências, enfim, algo que me ajude a tentar de novo.

As aventuras de Clara no mundo comestível

Prometi voltar para contar como está sendo a introdução alimentar da Clara. Pois bem, aqui estou. No entanto, antes de mais nada, preciso reconhecer que o processo está lento, quase parando.

Na verdade, é um misto de preguiça e receio. A amamentação está tão bem estabelecida que não dá vontade de mudar nada. Além disso, eu sinto como se não estivesse na hora. É uma conclusão sem muito embasamento, apenas guiada pelo meu feeling materno.

Então, estamos indo bem devagar, respeitando o tempo da Clara e observando como ela está lidando com a nova fase.

Eu tenho incentivado a introdução (ou o projeto de introdução) com base no BLW. Até agora, a Clara já deu umas lambidas em banana, uva, maçã, brócolis e cenoura. Tudo sem muita ordem e critério.

Ela fez cara feia para as frutas e aceitou um pouco melhor os legumes. O brócolis foi o favorito. Ela segura bem direitinho o cabinho e leva até a boca para chupar.

Aqui, um registro dela “comendo” tiras de maçã em um pratinho.

O prato fez mais sucesso que a maçã

O prato fez mais sucesso que a maçã

E assim seguimos… lembrando sempre que até 1 ano a alimentação é complementar e o leite materno o principal alimento para o bebê. Então, sem pressa.

Nada de papinhas e sopas: introdução alimentar e BLW

Nas minhas pesquisas e leituras sobre o universo infantil descobri algo novo que me deixou totalmente encantada: o BLW (Baby-Led Weaning), a introdução alimentar guiada pelo bebê. Trata-se de deixar a criança explorar as texturas e os sabores dos alimentos com as próprias mãos, a partir dos 6 meses. O método é uma alternativa às papinhas e sopas, geralmente oferecidas pelo cuidador com uma colher.

Alguns princípios do BLW:

– Amamentação como base: a fase inicial da alimentação, a partir dos 6 meses, consiste em uma experimentação. Assim, o leite materno deve continuar sendo a base alimentar do bebê. O resto é complementar.

– Descoberta da comida: o BLW permite que o bebê utilize o seu desejo de explorar, de experimentar e de imitar as atividades dos outros. Assim, a criança define o ritmo de cada refeição e prepara-se para a transição para os sólidos da forma mais natural possível.

– Experiência completa: bebês que comem sozinhos têm mais do que apenas o sabor do alimento para focar – experimentam também textura, cor, tamanho e forma.

Dicas práticas para começar o BLW:

  1. Coloque o bebê sentado no colo ou em uma cadeira específica.
  2. Ofereça o alimento e deixe o bebê livre para manuseá-lo.
  3. Comece com alimentos fáceis de pegar, como palitos de cenoura.
  4. Faça com que o bebê participe da refeição familiar.
  5. Escolha momentos em que o bebê não esteja cansado ou com fome, para que ele possa se concentrar.
  6. Continue amamentando ou oferecendo a fórmula como antes. O leite ainda é a principal fonte de nutrientes do bebê, até o primeiro ano de vida. Quando ele precisar mamar menos, vai reduzir por si mesmo.
  7. Disponibilize água durante as refeições.
  8. Não apresse ou distraia o bebê enquanto ele estiver lidando com o alimento.
  9. Não coloque comida na boca do bebê e não tente convencê-lo ou forçá-lo a comer mais do que ele quer.

Adaptado do livro Baby-led Weaning: Helping Your Baby to Love Good Food, de Gill Rapley.

Já conheciam o método? O que acharam?

Eu gostei bastante e para mim fez muito sentido. Inclusive, começamos algumas tentativas com a Clara. No próximo post conto mais como está sendo o processo de introdução alimentar aqui em casa.

Arte bebezística e desenhos espalhados pela casa

Vítor não gosta muito de desenhar ou pintar, mas na semana passada consegui chamar a sua atenção para uma atividade diferente. Ao invés de apenas rabiscar em cartolinas, como geralmente fazemos, sugeri que a gente elaborasse um desenho e recortasse, para criar uma espécie de enfeite para o quarto dele.

Na hora de escolher o tema da atividade, não tive dúvida: noite. O Vítor é fascinado pela lua e pelas estrelas, então adorou a proposta. Ele me ajudou a pintar o desenho e a colocar o resultado do trabalho pendurado no canto do espelho. Agora, toda vez que passa aponta e fica admirando a própria lua.

Outro critério para a escolha do tema foi a falta de habilidade artística da mãe

Outro critério para a escolha do tema foi a falta de habilidade artística da mãe: não poderia ser nada muito complexo

A participação do Vítor

A participação do Vítor

O resultado final

O resultado final

Esta semana, pretendo fazer um sol com uma nuvem para enfeitar outro cantinho da casa.

E por aí, a criançada gosta de fazer arte? Sugestões para uma mãe sem muita habilidade artística?

Páscoa sem chocolate: alternativas

Eu sou uma verdadeira formiga e adoro chocolate. Tenho que me controlar, pois sou daquelas pessoas que precisam comer até ver o fim.

Não consigo experimentar dois quadradinhos de uma barra, eu como a barra inteira em uma “sentada”.

Sendo assim, prefiro evitar de ter em casa determinadas guloseimas, até para não despertar o interesse do Vítor. Nós controlamos bastante a alimentação dele, especialmente em relação ao sal e ao açúçar, dois grandes vilões na cozinha.

De tal modo, a Páscoa aqui em casa não é mais sinônimo de chocolate. Até por uma questão de valores x consumo, o presente passou a ser um detalhe pequeno. O mais importante, o que procuramos realmente valorizar, é a confraternização em família.

Mesmo assim, algumas pessoas próximas perguntam o que poderiam dar para o Vítor, mais como algo simbólico. Pensando nisso, elaborei uma listinha com sugestões, que podem servir para outras famílias que buscam opções mais saudáveis para a Páscoa dos pequenos.

* Cesta de frutas

Vítor adora frutas. Bananas, morangos, peras, acerolas, enfim… o que aparecer pela frente. Tenho certeza que ele adoraria ganhar uma cestinha com frutas variadas, já lavadas, que ele pudesse comer na mesma hora. Seria uma festa!

* Cesta de produtos integrais

Procuro ter sempre em casa uma opção de lanche prático e saudável, como cookies integrais ou barrinhas de cereais. Não é uma alternativa para toda hora, inclusive pois muitos produtos industrializados, mesmo integrais, possuem bastante açúçar. Mesmo assim, é uma ideia diferente e interessante oferecer uma cesta com lanchinhos integrais.

* Coelho de pelúcia

Vítor ganhou no ano passado dois coelhos de pelúcia, como alternativa aos chocolates. Faz uma referência ao coelho da Páscoa e acaba sendo útil o ano inteiro, como brinquedo ou decoração do quartinho.

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E por aí, como é a Páscoa? Mais sugestões de lembranças alternativas?

Vamos fugir?

A melhor parte da minha atual flexibilidade de horários no trabalho é, sem dúvida, poder passar mais tempo com os meus filhos. Mas não é só uma questão de quantidade de horas, trata-se de tempo útil, digamos assim.

Antes da Clara nascer, eu trabalhava das 13h30min às 19h30min e ficava de manhã e à noite com o Vítor. No entanto, era um tempo improdutivo por ser horário de tarefas (acordar, trocar de roupa, tomar café da manhã, se arrumar para sair, chegar, jantar, dar banho, etc.). Então, mesmo ficando uma boa parte do dia com ele, não sobrava tempo para brincar e passear.

Agora, tenho as tardes só para a gente, o que por si só é uma delícia. Sem horário, sem compromisso. Porém, busco aproveitar para inventar coisas novas e apresentar lugares diferentes para o Vítor, que está em uma fase de muito companheirismo para qualquer aventura.

Na semana passada, por exemplo, eu tinha orientação do mestrado na cidade vizinha, Santa Cruz do Sul, que fica meia hora de carro. Como eu já iria com a Clara, minha pequena companheira de estudos, pensei: vamos fazer diferente, hoje o Vítor também vai! Chamei minha super irmã, sempre presente, e lá fomos nós quatro passear um pouco.

Decidimos ir na Gruta dos Índios, parque ecológico com bastante verde e alguns animais (um pequeno zoo, com macacos, papagaios, jacaré, etc.).

O Vítor simplesmente amou cada detalhe do local e a possibilidade de explorar o ambiente. Brincou até cansar. A Clara também curtiu a sombra e a temperatura agradável. Enfim, uma excelente forma de quebrar a rotina e aproveitar a leveza da vida.

Minha irmã levando o Vítor para ver os macacos pela décima vez!

Minha irmã levando o Vítor para ver os macacos pela décima vez!

Como não renovar as energias em um local assim?

Como não renovar as energias em um local assim?

E que venham mais fugidas por aí!

Um sopro de paciência

Ontem eu estava com uma dor de cabeça daquelas. Minha única vontade era deitar, fechar os olhos e dormir profundamente. Sem choro, sem alguém gritando “mãe” de um em um minuto, sem ter que me preocupar com horário de dar comida ou trocar fralda. Queria ser só eu, em paz, em silêncio.

Então que criança não entende isso e ponto. Não importa como você se sente, bebês precisam de você e fim da história.

Acontece que eu estava em um universo paralelo de dor, sem me concentrar em nada, tentando fazer os dois dormirem. Clara impaciente e Vítor me beliscando, para chamar a atenção. Fui ficando nervosa e mais nervosa até que pronto… comecei a gritar feito uma louca.

Gritei descontroladamente com os dois, que me olhavam assustados. Desabafei minha dor, minha irritação, meu cansaço. Deitei na cama e chorei como se não houvesse amanhã (drama queen).

Depois de alguns minutos, comecei a me acalmar e a acalmar os dois. Pedi paciência com a mamãe, expliquei que eu não estava legal e pedi desculpas pelo que havia feito.

Aproveitei também e liguei para a minha avó. Ela logo se prontificou a ficar por algumas horas com o Vítor, para eu dormir um pouco e me recuperar.

Resolvida a situação, percebi como é fácil perder a linha e o quanto isso é negativo para todo ambiente familiar. Fiquei me sentindo super culpada pela forma como agi, pois fui completamente irracional e sem limites.

Tenho que aprender a controlar melhor as minhas emoções, para evitar descontar nas crianças, que afinal, são apenas crianças. Por isso, por hoje, tudo que eu peço é um sopro de paciência. Para levar embora o que foi ruim. Para trazer novos ventos. Para acalmar meu corpo e minha alma. Amém!

Amamentação e volta ao trabalho: por que as mulheres fraquejam?

Faz uma semana que comecei a sair algumas manhãs para trabalhar e estudar. Uma semana de ordenha diária e de milhões de pensamentos negativos. Já teve choro, revolta, vontade de desistir. Mas enfim, a adaptação inicial serviu para eu perceber duas coisas: primeiro, que apesar de tudo, eu não quero desistir, e segundo, para eu entender como é fácil fraquejar (e porque muitas mulheres param de amamentar quando voltam ao trabalho).

Tirar leite exige paciência, tempo, entrega, vontade, disciplina. Não é só encaixar a bomba elétrica no peito e apertar o botão on. Talvez para alguém possa ser assim, mas para mim não está sendo. É difícil, cansativo, estressante. No caso de bomba manual ou ordenha manual… nem imagino.

O resultado: uma bola de neve. Eu começo a tirar e está tudo bem. O fluxo vai baixando e fico nervosa. Daí não vem mais nada. Fico estressada. Zero leite.

No meio disso, existem as opções, as alternativas. O leite em pó tá ali, na prateleira de qualquer mercado ou farmácia. Os comentários alheios também estão em todos os lugares.

Enfim, é fácil fraquejar por todo um contexto cultural e social. Por empresas que não disponibilizam local para ordenha ou intervalo para a mãe amamentar. Por uma rotina louca que não te permite parar 30 minutos para ficar em paz e tirar leite. Pela mídia que bombardeia informações equivocadas sobre industrializados para crianças. Por médicos que não levantam a bandeira da amamentação.

Agora, eu entendo e sinto na pele toda a pressão. O negócio é usar a força que tenta me empurrar para desistir em outro sentido, no sentido da persistência. Difícil? Sem dúvidas. Mas vamos lá, uma gota de leite por vez.