Arquivo mensal: maio 2012

Meu caminho para um parto humanizado

Meu caminho para um parto humanizado teve início dentro de casa, com a minha família. Minha mãe teve três partos normais e esta passou a ser a minha referência, sempre foi o natural e automático, sem muitas reflexões.

Quando engravidei do Vítor comecei a ficar mais curiosa sobre o assunto. Busquei saber como era exatamente, como identificar o trabalho de parto, tudo que envolvia a hora do nascimento. Olhei diversos vídeos na internet, li uma centena de relatos em blogs. Sempre de parto normal, como se fosse a única possibilidade.

Já com cerca de 30 semana comecei a ter dilatação, o que reforçava a minha certeza interior de um parto normal. De fato a natureza foi muito generosa comigo. A bolsa estourou quando estava em casa, em um domingo à noite, e um pouco mais de uma hora depois estava com meu filho nos braços.

Apesar do parto normal do Vítor, a minha primeira experiência me mostrou muitas coisas. Foi incrível ver meu filho nascer através da minha própria força. Tive a convicção que precisava sentir tudo isso mais uma vez. No entanto, algumas coisas me marcaram, como o uso do fórceps e a episio. Marcaram meu corpo e minha alma. Fizeram eu perceber que em uma segunda vez tinha que ser diferente.

Logo que descobri a segunda gravidez comecei a trilhar um novo caminho, desta vez rumo ao parto humanizado. Mais do que nunca, busquei na informação toda a base necessária.

A maternidade me abriu os olhos e o coração. Agora posso dizer que estou preparada para me fortalecer na minha escolha: trazer a Clara ao mundo em um ambiente seguro, confortável, acolhedor. Um local onde nós duas, mãe e filha, sejamos respeitadas. Quero evitar todo e qualquer procedimento desnecessário, tanto em mim quanto nela. Mas quero, acima de tudo, sentir cada momento do nascer, da vida chegando de dentro de mim, de forma avassaladora, pura, natural. Que assim seja.

O medo do desconhecido

Acompanhem o meu raciocínio.

Mulheres que nunca passaram por um parto normal nem por uma cesárea estão rumo ao desconhecido, certo? É natural sentir medo do desconhecido, pois ele é incerto, pode deixar as pessoas inseguras. Em uma grávida, este contexto ainda envolve uma centenas de hormônios e muita ansiedade, pois o parto é como se fosse um portal. Se existe período AC e DC (antes e depois de Cristo), certamente existe o AM e DM (antes e depois da maternidade). Fato.

Além disso, o desconhecido do parto envolve dor. Seja parto normal ou cesárea vai ter dor. É outro fato. O normal pelas contrações, o trabalho de parto e o expulsivo. A cesárea por ser um procedimento cirúrgico e que possui todo um pós-operatório.

Chegamos até aqui a duas conclusões: a pessoa vai passar por algo que é desconhecido e que vai ter dor.

Agora entra a minha conclusão: como uma mulher escolhe (veja bem,  estou me referindo ao parto como escolha, quando não existe indicação médica específica) entre parto normal e cesára justificando ter medo de sentir dor? Não faz o menor sentido na minha cabeça. Ninguém consegue dimensionar uma dor que nunca sentiu para escolher entre um procedimento ou outro. Parece algo como aquelas perguntas duvidosas: “Você prefere morrer queimado ou afogado?”. Como assim, gente???

* Texto inspirado no último post da Ilana, do blog 1 + 1 são três.

O irmãozão

Desde que comecei a falar sobre a segunda gravidez umas das perguntas que mais escuto é: “E o Vítor, já entendeu a novidade?”.

No início o questionamento não fazia muito sentido, pois quando descobri que estava grávida o Vítor tinha apenas 9 meses. Obviamente, dizer pra ele “A mamãe comeu uma melancia” ou “A mamãe vai ter um bebê” não despertaria nenhuma reação direta.

Mas desde então vamos comentando o assunto, sem muitas pretensões.

Acontece que de duas semanas para cá ele começou a interagir com a barriga. Inventei uma brincadeira com o umbigo e fui insistindo no assunto. Agora quando pergunto: “Onde está a Clara?” ele procura a barriga. Falo para fazer carinho, dar beijo e assim vamos indo. De vez em quando o bebê começa a mexer, parece que respondendo para o irmão.

É uma delícia ver os dois se descobrindo. Só imagino depois, quando a pequena nascer…

Grávida rumo ao terceiro trimestre

ou
Ela está descontrolada

É muito fácil descobrir o estágio da gestação de uma mulher.

As que estão no primeiro trimestre geralmente andam pálidas vagando por aí, enjoando até com programa de culinária, mas com uma fome proporcional ao sono. Para confirmar a teoria coloque um prato de frutos do mar perto dela. Se vomitar, fazer a maior cara de nojo ou, em último caso, devorar tudo, é porque sim, ela está com menos de três meses.

As grávidas no segundo trimestre caminham com a barriga jogada para a frente, para exibir a pança, mesmo que ela ainda possa ser confundida, em alguns casos, com gordura pura. Possuem um sorriso brilhante no rosto, mas não se engane, elas mordem. Comentários bobos como “que bom que vai ser um menino”, “vai ser uma menina bonita como a mãe” ou “que legal, um casal” podem despertar uma fúria sem tamanho. Cuidado. Fuja dos clichês, ou melhor, bico calado.

Já as grávidas no terceiro trimestre (ou que estão quase lá) são inconfundíveis. Elas tomam decisões que prometem mudar a vida de cinco em cinco minutos. Estão sempre pensando em alguma coisa para reformar ou comprar. Deixam aberta uma tab escondidinha no navegador com um site de roupas ou acessórios de bebê. A cada cem palavras que falam, uma é parto. Além disso, possuem pelo menos três listas diferentes em pequenos papéis soltos na bolsa (uma da mala da maternidade, outra de quem avisar quando o bebê nascer e assim por diante).

Eis que já me encontro rumo ao estágio três. Quer comprovar? Bem simples… basta eu contar que dispensei a empregada em definitivo esta semana e acabei de fazer uma matéria sobre cuidados humanizados com recém-nascidos para o jornal que trabalho (texto repleto da palavra parto, pois não vale só falar sobre o assunto, dá para escrever também). Tá bom assim?

Sobre a dor do parto

Li para uma disciplina do mestrado o livro Memória, de Iván Izquierdo. Na página 66 o autor cita a ocitocina, principal hormônio do parto e que age sobre o útero. Separei um pedaço que achei interessante:

“..mas também afeta direta e indiretamente neurônios de amígdala, provocando sua inibição e tendo, […], um efeito amnésico. Lembremos aqui que os partos costumam ser dolorosos, e não obstante isso, as fêmeas de numerosas espécies, as mulheres, por exemplo, costumam ter vários filhos e não se lembram da dor real que representou cada parto. Lembram-se das circunstâncias da dor, do fato de que houve muita dor, mas não da dor em si. A dor é uma das poucas coisas emocionalmente importantes que não pode ser evocada em sua verdadeira intensidade”.

Minha mãe uma vez me disse, antes do Vítor nascer, que a gente esquece a dor do parto e só lembra quando chega a hora de parir de novo, que daí vem aquele pensamento: “O que eu fui fazer?”, o típico “Oops, I did it again”. Palavra de quem teve três filhos, todos de parto normal.

Eu acredito, né? Até porque se a gente não esquecesse da dor… jamais teria o segundo filho (pelo menos de parto normal)!

A natureza é muito sábia!

A tarefa mais difícil do mundo

Sem dúvida a tarefa mais difícil do momento é sair de casa. Primeiro porque tenho que vencer a preguiça e o sono constante. Segundo porque moro no quarto andar, em um prédio sem elevador. Excelente, né?
Então que a hora de sair envolve toda uma logística.

Etapa 1: Arrumar as coisas, bolsas e apetrechos.
Etapa 2: Separar o carrinho dobrável do Vítor.
Etapa 3: Pegar o Vítor, que sempre está andando pela casa, e enfrentar a fúria dele de ter que sair do chão.
Etapa 4: Driblar o cachorro para conseguir abrir a porta enquanto o Vítor se joga para trás e bate no meu rosto.

Depois de tudo isso é óbvio que o cachorro escapa para o corredor e começa a descer as escadas. Eu vou atrás dele com o Vítor no colo, ainda me batendo. O carrinho encostado na parede cai no chão. Eu empurro o cachorro para dentro do apartamento e fecho a porta, mas me dou conta que esqueci de alguma coisa.
Enfim, é um caos absoluto. Tudo isso grávida. Tudo isso com o filho pequeno junto. Tudo isso no quarto andar.
Agora imagina quando a Clara nascer. Tudo que foi citado + RN + bebê conforto + bolsa extra. Acho que não vou mais sair de casa. Deu preguiça só de pensar.

As férias que não foram férias

Volto de um período de férias bloguísticas não anunciadas. Férias que só foram férias do blog, já que além da vida virtual o negócio foi pegado. Estava envolvida com um trabalho extra que exigiu muito de mim, psicologicamente e fisicamente. Foram praticamente duas semanas só tomando banho e dormindo em casa. Mas o que importa é que deu tudo certo e acabou.

***

O Dia das Mães aqui em casa foi comemorado um dia depois, já que domingo eu almocei com o Vítor e tive que trabalhar. Então segunda curtimos o frio e ficamos na cama até mais tarde, depois brincamos e matamos a saudade de passar a manhã juntinhos. Fazia um pouco mais de um mês que ele ficava o dia inteiro na escola. Foi algo temporário e inevitável. Agora retomamos nossa rotina gostosa e eu aproveito para começar a desacelerar.

***

A pança tá pesando de vez. Diversas atividades estão bem limitadas. Fechei hoje 23 semanas, lembradas apenas porque liguei para marcar um exame. A secretária perguntou: “Quantas semanas”. Eu respondi: “Não sei”. Tive que pegar rápido um calendário e revirar na agenda para achar algumas anotações. Não faço questão de me apegar ao tempo. Sei que o bebê é para setembro e é o suficiente. Não quero cair de novo em neuras de ansiedade e pressa.

***

E por falar no segundinho, ou melhor, na segundinha, eis que a moça já tem nome escolhido. Ela vai se chamar Clara, um sugestão da dinda. Nome que bateu e ficou. Nome que já veio com uma música que eu adorava quando criança e pedia para o meu pai sempre repetir enquanto a gente estava no carro ouvindo o CD do Lulu Santos.

***

“Clara como a luz do sol
Clareira luminosa
Nessa escuridão
Bela como a luz da lua
Estrela do oriente
Nesses mares do sul
Clareira azul no céu
Na paisagem
Será magia, miragem, milagre
Será mistério”

***

Clara, que ilumina. Que já nos iluminou.