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Ah, que saudade da barriga!

Esta semana peguei uma câmera digital compacta que temos aqui em casa e praticamente não usamos para emprestar para a minha avó. Acontece que quando fui ver se estava tudo funcionando direitinho achei um cartão de memória com várias fotos que eu nem lembrava que existiam. Imagens do Vítor com poucos meses, depois uns vídeos dele dando os primeiros passos. Sério, uma emoção sem tamanho!

Isso acabou me deixando toda nostálgica. Fui direto para os arquivos do computador e fiquei com os olhos cheios de lágrimas. Normal, né? Qual a mãe que não dá uma choradinha disfarçada (ou nem tanto) quando olha uma foto do filho RN?

Então, cheguei também nas fotos de grávida (que são raras, tenho que confessar).

E ah, que saudade da barriga, gente! De sentir aquela vida toda dentro de si. Os movimentos do bebê, os chutes. Ô coisa boa!

By Fábio Augusto, no Oceanário de Lisboa

Gravidez do Vítor, by Fábio Augusto, no Oceanário de Lisboa

By Alvaro Pegoraro, no jornal em que eu trabalhava

Gravidez da Clara, by Alvaro Pegoraro, no jornal em que eu trabalhava

By Cristian Frantz, em montagem com a Clara in e out

By Cristian Frantz, em montagem com a Clara in e out

E por aí? Rolou uma saudadezinha da barriga também?

O que eu diria para uma grávida sobre parto

Eu diria que o parto ensina uma verdade constante da maternidade: a gente não controla nada.

No parto a gente não controla a mente, o corpo, a dor. A gente sente e age. É só emoção, nada de razão. É intensidade, é explosão. É amor.

Na maternidade a gente não controla as doenças, os acidentes, os perigos externos, as descobertas. A gente sente e age (ou reage). É muita emoção, embora de vez em quando a gente tente agir com a razão. É intensidade, é explosão. É amor.

Sendo assim, deixar o parto acontecer de forma natural é entregar, de coração aberto, o controle. É aceitar que dali em diante a vida ganha outro rumo, um caminho totalmente novo, cheio de surpresas.

Mas aceitar perder o controle não é fácil (e por isso, talvez, muitas mulheres optam por entregar seu parto para o médico e escolhem fazer uma cesárea). Exige perceber nosso corpo e nossa origem: somos animais, mamíferos.

Para alguns, parto é “feio”, pois envolve sangue, fezes, urina. Justamente por isso, penso eu, um “bom” parto (bom no sentido de ser algo visto positivamente pela mãe, como um momento realmente especial na sua plenitude, como processo completo, não só pelo nascimento do bebê) depende do quanto a mulher é capaz de se desprender de todo o resto e se conectar com o próprio corpo.

Não é fácil também pelo fator desconhecido. Pode acontecer qualquer dia, qualquer hora, começar em qualquer lugar. Tem gente que simplesmente não consegue lidar com isso, seja por medo, insegurança ou outro motivo.

Enfim, o que eu diria para uma grávida é que o parto é algo único e que merece ser vivido na sua totalidade. Não pode existir sensação melhor do que um filho saindo do ventre para o mundo. Até hoje, consigo fechar os olhos e reviver aquele segundo de silêncio entre um gemido e um choro. Um segundo de concretização de todo amor possível.

Por isso, eu diria: permita-se. Entregue-se à maternidade antes mesmo do seu filho nascer. Não deixer de viver algo tão intenso. Sublime.

Ocitocina, baby

Ocitocina, baby

Leia também: Do verbo parir

Dúvidas absurdas de uma grávida enlouquecida

Uma característica da Ananda-grávida é fazer perguntas mirabolantes o tempo inteiro sobre o futuro próximo. Não sei se a explicação é hormonal, creio que seja. Só sei que tem que ter paciência (a do Fábio, coitado, tem que ser infinita).

Exemplos recentes:

– Como vou dar conta de cuidar de dois bebês durante todas as manhãs (Vítor vai na escola só de tarde)?

– Como vai ser o primeiro encontro do Vítor com a irmã?

– Quanto tempo vai durar o parto (dizem que o segundo é mais rápido, então se o primeiro foi vapt-vupt, como será o segundo)? Vai dar tempo de chegar no hospital (dois medos inexplicáveis que eu tenho: ganhar bebê na rua e a bolsa romper em algum lugar que não seja a minha casa)?

– Vou conseguir tirar a minha sagrada soneca depois do almoço no fim de semana com dois filhos? Preocupação master!

– Vou conseguir sair de casa com dois bebês sem a ajuda de alguém? Como vou carregar tudo que preciso? Vai ter mão pra tudo?

E segue por aí. Detalhes que as perguntas surgem quando o Fábio tá quase, quase dormindo. Ele dá respostas super animadoras: “Aham”, “Com certeza”, “Sim, amor, agora dorme um pouquinho”.

Pelo menos eu sei que sou chata, né?

A viagem dividida e o tempo que não passa

Quando eu era criança minha mãe dividia a viagem em trechos. Se eu perguntava: “A gente tá quase chegando?”, ela respondia que faltavam tantos pedaços. Cada referência era de um ponto a outro, como da ponte até a polícia, do parque até o trem, e assim por diante.

Acabei adaptando a tal contagem de tempo para diversas situações da minha vida. A segunda gravidez, por exemplo, foi toda dividida em eventos. Primeiro o início do mestrado, depois o aniversário do Vítor,…

Enquanto eu tinha algo por esperar, digamos assim, uma etapa seguinte, a gravidez simplesmente passava junto, sem muita ansiedade. Acontece que minha última referência acabou na metade de maio e não consigo pensar em nada grande para usar de marcação. Resultado? Penso todo dia no parto e no nascimento da Clara.

Coisa de doido? Sim, eu sei. Mas preciso urgente de novos pedaços na minha linha do tempo.

Grávida rumo ao terceiro trimestre

ou
Ela está descontrolada

É muito fácil descobrir o estágio da gestação de uma mulher.

As que estão no primeiro trimestre geralmente andam pálidas vagando por aí, enjoando até com programa de culinária, mas com uma fome proporcional ao sono. Para confirmar a teoria coloque um prato de frutos do mar perto dela. Se vomitar, fazer a maior cara de nojo ou, em último caso, devorar tudo, é porque sim, ela está com menos de três meses.

As grávidas no segundo trimestre caminham com a barriga jogada para a frente, para exibir a pança, mesmo que ela ainda possa ser confundida, em alguns casos, com gordura pura. Possuem um sorriso brilhante no rosto, mas não se engane, elas mordem. Comentários bobos como “que bom que vai ser um menino”, “vai ser uma menina bonita como a mãe” ou “que legal, um casal” podem despertar uma fúria sem tamanho. Cuidado. Fuja dos clichês, ou melhor, bico calado.

Já as grávidas no terceiro trimestre (ou que estão quase lá) são inconfundíveis. Elas tomam decisões que prometem mudar a vida de cinco em cinco minutos. Estão sempre pensando em alguma coisa para reformar ou comprar. Deixam aberta uma tab escondidinha no navegador com um site de roupas ou acessórios de bebê. A cada cem palavras que falam, uma é parto. Além disso, possuem pelo menos três listas diferentes em pequenos papéis soltos na bolsa (uma da mala da maternidade, outra de quem avisar quando o bebê nascer e assim por diante).

Eis que já me encontro rumo ao estágio três. Quer comprovar? Bem simples… basta eu contar que dispensei a empregada em definitivo esta semana e acabei de fazer uma matéria sobre cuidados humanizados com recém-nascidos para o jornal que trabalho (texto repleto da palavra parto, pois não vale só falar sobre o assunto, dá para escrever também). Tá bom assim?

Dificuldades gravidícias

Fechando praticamente 5 meses de gravidez (sim, tempo VOA, meu povo) começo a lembrar de algumas dificuldades gravidícias até o momento arquivadas na memória seletiva materna (provavelmente perto da gaveta cerebral onde está guardada toda e qualquer recordação da dor do parto).

Mesmo com uma gravidez praticamente atrás da outra existem coisas que a gente esquece fácinfácin.

Sexta fui na biblioteca (vida de mestranda, a gente vê por aqui) e comecei a procurar um livro conforme aqueles códigos doidos que demoram a fazer sentido. Vou catando por aqui e por ali até que acho o primeiro título. Adivinha onde? No lugar mais alto da estante. Largo o celular e a carteira no chão com a maior desenvoltura que a pança permite e me preparo para dar um incrível salto, já que meu um metro e meio de sol (tá, um pouco mais, gente) não era suficiente. Puxo a calça com elástico para cima e a blusa meio toda curta para baixo e pulo. Barriga de fora, peito voando, provavelmente uma cena linda de ver. A mais pura beleza e o brilho da maternidade (só que not). Óbvio que não consegui pegar o exemplar de primeira, mas nada que três ou quatro tentativas tão graciosas quanto a inicial não resolvessem.

A segunda cena do recordar é viver aconteceu em casa, no quarto do Vítor. Ele, pela milésima vez, espalhou as bolinhas da toca pelo apartamento inteiro. Eis que acho duas perdidas embaixo do berço e me abaixo para pegar. Estico o braço e… nada. Falta algo em torno de meio centímetro para eu conseguir. E que meio centímetro sofrido, vou te contar. Cofrinho de fora, cara grudada no piso, barriga esmagada e toda força do mundo para chegar até a bolinha. Depois de alguns longos minutos consigo. Jogo as bolinhas com a maior fúria na toca e juro pra mim mesma que na próxima vez elas podem apodrecer onde quer que estejam.

É muita ternura vinda de uma grávida, não? E a cada dia lembro que as dificuldades só vão aumentar. Pelo menos uma coisa boa: da faxina eu escapo. Pobre, Fábio.

O primeiro casulo

Passei pelo primeiro casulo da gravidez do segundinho. Um momento de pensar em mim, na minha família e em tudo que estamos construindo.

Quando estava grávida do Vítor senti a necessidade de me fechar bem no final, poucos dias antes do parto. Desta vez foi mais cedo, mas com muitas chances de repeteco pra lá adiante.

Acontece que eu precisava me achar realmente grávida. Fisicamente estou bem, tive enjoos, porém bem menos do que na primeira vez. Com 10 semanas me sinto cheia de energia e ansiosa pelo que vem pela frente.

Mas é uma ansiedade diferente. Parece que o tempo tique taca em outro tempo. Mais lento, sem pressa. Como se eu tivesse entendido, pelo menos por enquanto, que tudo tem seu tempo e o deste bebê ainda vai demorar bastante.

Na outra vez eu tinha pressa pra saber o sexo, sentir o bebê mexer, ver a barriga crescer, arrumar tudo. Agora tenho tanta calma que até tinha me perdido nas semanas da gravidez. Só me atualizei dos números porque precisava marcar o exame de  translucência nucal.

Acredito que a mudança seja por já conhecer o processo e saber que a vontade de viver tudo de uma vez só apenas atrapalha. O final da gravidez do Vítor foi marcado por uma ânsia pelo parto que prejudicou um pouquinho o andamento das coisas e me tirou totalmente a tranquilidade. Desta vez quero fazer diferente e penso que é algo que deve ser trabalhado desde o início.

Sem falar que tenho meu menininho lindo que cada dia aprende ou observa algo diferente. Ele está cada vez mais fofo e apaixonante. Toda família está curtindo muito esta fase maravilhosa de descobertas.

É bom voltar aqui, viu? Já estava com saudade de escrever. Beijos 🙂

Je t’aime

Paris provavelmente é um dos maiores clichês do universo. Não vou entrar na minha teoria de expectativa turística, pois não é o caso. Quero me limitar a comentar a minha relação com a cidade, uma vez que ela marcou um período muito especial da minha vida.

Conheci Paris em agosto de 2010. Grávida, de um mês e meio. Sabendo da notícia a uma semana.

A viagem foi um presente que ganhei do Fábio, muito antes de imaginar uma gravidez naquele momento.

E foi lá, no maior clima love is in the air, que o Vítor ser ainda sem sexo ganhou seus primeiros presentes do papai e da mamãe. Um deles o livro Le Petit Prince, comprado em uma feirinha na beira do Rio Sena. O outro um body da marca de souvenirs I was in, azul com o desenho da Torre Eiffel.


Body que semana passada o Vítor usou pela primeira vez. E que me trouxe de volta o gostinho de uma viagem inesquecível. E sim, ele pode dizer que estava lá. In Paris. Inside me. With us.

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Para guardar

Tenho uma pasta no email nomeada “Para guardar”. Ali armazeno lembranças, mensagens carinhosas e de tudo um pouco.

Pois bem, lá estava eu fazendo uma limpa nos meus emails e abri a tal pasta. Encontrei mensagens de exatamente 1 ano atrás. Adivinham o assunto? A gravidez. Foi bem na época que eu contei para minha família e amigos.

Impossível não reviver o xixi no palitinho (o 1, 2 e o 3), a ligação nervosa para a Paula, eu contando para o Fábio que a gente ia ter um bebê, no meio de Tottenham, de noite, na frente de uma Pizza GoGo.

Lembrei também das conversas durante a madrugada em Warwick Gardens quando a gente se perguntava se aquilo era verdade, da minha primeira consulta, o primeiro ultrassom.

Recordei minha vontade de vomitar todo dia saindo da estação de Holborn no caminho para aula. Fechei os olhos e pude sentir o cheiro de sushi que me deixava enjoada toda manhã.

Pensei na minha vontade de comprar a Oxford St. inteira para o bebê que eu sabia que seria um menino. Tinha tanta certeza que escolhi várias micro mini roupas lindas na cor azul.

Fiquei sozinha, viajando no tempo e no espaço. Ê saudade!


* A imagem é do primeiro ultrassom que fiz, no dia 22/09/2010. A foto é uma das primeiras da barriga, no início de outubro, no Oceanário de Lisboa, em Portugal.
** Post inspirado também na série retrô “One year ago” da Carol.