Arquivo mensal: dezembro 2012

Agora, mãe em tempo (praticamente) integral

A maternidade tem sido uma experiência incrivelmente intensa para mim. Isso desde que eu aprendi a apreciá-la na sua essência e totalidade. Não foi uma tarefa fácil, mas desde que descobri a palavra-chave (entrega, já falei muito sobre isso este ano) as coisas começaram a andar em outro ritmo.

Recentemente, no meu processo de construção e desconstrução materno, uma angústia começou a tomar conta: a volta ao trabalho. Eu deveria retornar no fim de janeiro, depois de 5 meses (4 de licença + 1 de férias), para a minha carga horária diária de 6 horas.

Já tinha feito planos e pensado em alternativas para continuar com a amamentação exclusiva. Fui na escola e conversei com as professoras. Mas nada aliviava o meu nervosismo.

Na verdade não era apenas a insegurança com a continuidade da amamentação que me preocupava. O fato é que eu não estava pronta para me separar da Clara. Além disso, durante a minha licença o Vítor começou a passar muito mais tempo comigo, apenas ficava longe enquanto estava na escola, entre 13 e 17h, e a proximidade fez um bem danado pra mim e pra ele. Ou seja, voltar a trabalhar mexeria com tudo isso.

Foi então que eu tomei uma decisão muito importante: ser mãe em tempo (praticamente) integral (já explico o praticamente). Eu decidi largar o meu emprego e ficar com os meus filhos (isso inclui tirar o Vítor da escola). Foi algo extremamente difícil, pois eu tinha estabilidade, bons colegas, um ótimo ambiente de trabalho. No entanto, tenho certeza, do fundo do meu coração, que agora nada é mais importante do que eu ficar com eles.

Na realidade, eu não vou parar total de trabalhar (aqui entra a parte do praticamente integral). Vou fazer trabalhos com uma agência, com horários flexíveis e atividades que podem ser feitas home office. É algo animador e empolgante, pois já tive a oportunidade de fazer freelas com eles e sempre foram experiências muito positivas.

É uma escolha temporária. Não posso dizer quanto tempo vai durar. Mas por mais que dure apenas uns 6 meses já faz muita diferença. Afinal, 6 meses para um adulto é praticamente nada. Já para um bebê de 3 meses… 6 meses é um salto incrível. Para o Vítor, que está com 1 ano e 8 meses, 6 meses também representa muito.

Pois bem, um novo tempo começa em 2013. Um mestrado para concluir, uma nova jornada profissional. Mas tudo com os meus dois pitocos do lado. E que venham os desafios!

A ameaça do chinelo da Minnie

Recebi um presente em forma de ameaça na última semana: uma Havaianas da Minnei.

Não, não foi um presente para a Clara, foi para o Vítor.

(Pausa para a pergunta: ele ganhou um chinelo de meninA?)

Oi, eu sou uma ameaça social para o seu filho!

Oi, eu sou uma ameaça social para o seu filho!

Incrível como o modelo provocou perguntas e levantou preconceitos em diversos lugares onde ele foi visto com o calçado. Comentários chegaram a insinuar que era “chinelo de gay”. Gente, pode isso? Até que ponto a sociedade dita padrões de comportamento na segmentação menino X menina?

Está em tudo: nas lojas de brinquedos (menino brinca de carrinho e menina lava roupa e faz comidinha), no comércio de roupas e calçados (personagens grosseiros e roupas com desenhos de bolas para os meninos e laços e rendas para meninas), nas escolas e na famílias (com comentários do tipo “menino não chora” e “não corre que isso não é coisa de menina”).

Diante disso eu me pergunto: estamos criando meninos programados para esconder os sentimentos, serem brutos, sem vaidade e intocáveis para as tarefas do lar e os cuidados com os filhos? Ao mesmo tempo, educamos meninas submissas aos homens, sensíveis a ponto de se ocultarem diante da sociedade e sem a capacidade de se impor?

Desculpa, mas aqui em casa não. Meus filhos vão ser sempre estimulados a buscar a própria preferência, transitando pelo dito universo masculino e feminino. Terão liberdade para se expressar e serão amparados em suas escolhas. Como eu já disse em outras oportunidades… defendo uma infância (e uma vida) colorida. E que assim seja!

Antecedente criminal do Vítor: o álbum de bebê rosa

Antecedente criminal do Vítor: o álbum de bebê rosa

Mídia, espetáculo do real e o 12/12/12

Hoje, não muito surpresa, acompanhei umas quatro ou cinco reportagens em diferentes meios de comunicação sobre o boom de nascimentos agendados para 12/12/12. Todos os materiais que vi, tanto em sites quanto nos canais de televisão, tiveram a mesma abordagem. Trataram o aumento das cesáreas e ouviram mães com argumentos como “é uma data legal”, “representa sorte” e até algo do tipo “é fácil de lembrar”.

Como jornalista, fico impressionada com a falta de preocupação em mostrar o “outro lado”. Não vi destaque em pautas relatando o nascimento de um bebê através de parto normal. Vão me dizer que nenhuma criança nasceu “voluntariamente” hoje?

Outra possibilidade seria mostrar o grande número de cesáreas, mas entrevistar um profissional ponderando os riscos de um nascimento agendado. Como um alerta, uma informação de verdadeiro interesse público.

No entanto, em um país com índice de cesarianas muito acima do indicado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) – que é de 15% – a notícia do boom passa batido para a maioria das pessoas. Afinal, a mídia é um reflexo da cultura e da sociedade e na contemporaneidade o procedimento já está internalizado na mente do grande público. De tal modo, nada mais natural do que tratar como espetáculo a cesárea e prestar um desserviço dando audiência para mães alienadas e médicos omissos.

É um desserviço uma vez que os brasileiros acreditam mais na mídia do que no governo, segundo pesquisa da agência de notícias Reuters, divulgada no artigo “A construção do real no telejornalismo: do lugar de segurança ao lugar de referência”, de Alfredo Eurico Vizeu Pereira Junior e João Carlos Correia. Segundo os autores, os resultados do estudo reforçam a importância de um olhar mais atento sobre o jornalismo, pois os conteúdos veiculados “contribuem diariamente, de forma relevante, para a construção de parte da realidade social da realidade brasileira”. Além disso, os pesquisadores ressaltam: “A imagem que a mídia constrói da realidade é resultado de uma atividade profissional de mediação vinculada a uma organização que se dedica basicamente a interpretar a realidade social e mediar os que fazem parte do espetáculo mundano e o público”.

Ou seja, é uma via de duas mãos. A mídia reflete os valores sociais e as pessoas legitimam através dos meios de comunicação determinados conceitos ou certas realidades.

Assim, as reportagens sobre os nascimentos no 12/12/12 simplesmente reforçam o que já sabemos: a cultura da cesárea tá aí, não dá para negar. Agora, eu pergunto: mas dá para mudar?

Penso que sim. Eu quero acreditar que sim.

Enquanto isso, faço a minha parte, como jornalista, como mãe e como pessoa preocupada com o respeito ao nascimento e à criança. O que está ao meu alcance é refletir, discutir e informar. E isso eu vou fazer sempre.

Sobre o que a gente aprende quando pequeno

Nunca vou esquecer das minhas brincadeiras favoritas na infância. Eram três: escolinha, boneca de papel e restaurante.

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Na minha escola era preciso um quadro, giz, papel, canetas e imaginação. Imaginação para criar conteúdos, inventar alunos e desenhar.

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Para brincar de boneca de papel eu precisava de edições velhas da revista Caras e uma tesoura. Eu recortava as pessoas com roupas diferentes e criava personagens, diálogos e histórias completas.

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Mas a minha verdadeira paixão era brincar de comidinha. Eu montava meu próprio restaurante, com cardápios variados de folhas, flores e barro. Tudo servido em potes plásticos que pegava na cozinha da mãe e algumas louças de brinquedo.

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O que as três brincadeiras têm em comum? Imaginação. Todas eram simples e dependiam basicamente da minha capacidade de criar, inventar e imaginar.

Não significa que nunca tive brinquedos caros e que estavam nos comerciais do horário nobre. Sim, tive bonecas, jogos e ursos de pelúcia. Mas nunca os valorizei tanto quanto um papel em branco, uma pilha de sucatas ou algo que me permitisse interagir com liberdade.

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Onde eu quero chegar? Criança não precisa de caixas e caixas de brinquedos para ser feliz. Não precisa do item mais caro da loja. Não precisa ter tudo. Na verdade, ela já tem tudo e alguns pais nem sequer se dão conta: ela tem a imaginação. O que cabe as pessoas ao seu redor é estimulá-la e fazer com que ela saiba usar a fantasia e a criatividade como um verdadeiro brinquedo, uma fonte inesgotável de diversão e prazer.

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Para quem se interessa pelo tema infância e consumo eu tenho um convite. Conheça o movimento Infância Livre de Consumismo. Na página no Facebook e no blog você encontra uma série de reflexões sobre o assunto.

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E você, tem lembranças da infância? A partir disso, o que quer ensinar para os seus filhos?

Dormir, amar e blogar

Ai gente, sumi. Disse que só ia ali curtir o feriado e particamente não voltei mais. Publiquei um meme para dar uma enganada. Mas não enganei ninguém, né?

O que acontece é que a vida tá phoda. Das coisas aqui do título (dormir, amar e blogar) eu só tenho é amado, o resto tá difícil. Vítor decidiu fazer greve e não dormir mais. Eu fiquei o pó por dias e dias, me arrastando pela casa atrás dele. Agora, finalmente, parece que as coisas estão entrando nos eixos de novo.

Muita coisa para contar, para falar e uma cara nova do blog para apresentar. Uma mudança tímida, apenas para atualizar as coisas, afinal, agora temos dois filhotes em casa (antes só o Vítor aparecia na foto do cabeçalho).

Volto com as novidades durante a semana, tá? E deixo uma foto minha com as crias, para vocês verem que os dois babies estão na base do fermento (nota 1: não tenho mais RN em casa – olha o tamanho da moça -, nota 2: Vítor está GI-GAN-TE e quer fazer tudo sozinho… comer, tomar banho, caminhar sem dar a mão, praticamente um adolescente!).

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*Ah, e o projeto de mudanças continua em pé, só que as atualizações vão ser mais esporádicas, pois não consigo manter a promessa de posts diários. Não adianta…