Arquivo mensal: junho 2012

Tudo aquilo que eu não quero esquecer

Filho,

Não quero esquecer o jeito como tu me olha de manhã quando deitamos juntos na cama, enquanto tu toma o teu leitinho e fica fazendo gracinhas para eu rir.

Não quero esquecer quando tu pede para assistir a Galinha Pintadinha e fica fazendo “pó pó pó” de um lado para o outro na sala.

Não quero esquecer a boquinha que tu faz quando grita “bol”, cheio de entusiasmo, por ver qualquer coisa relacionada ao futebol, seja na rua, na televisão ou em qualquer lugar.

Não quero esquecer o teu dedinho mexendo de um lado para o outro, simbolizando um não, quando eu canto “O sapo não lava o pé”.

Não quero esquecer o teu carinho desajeitado na minha barriga, quando a gente pergunta pela Clara.

Não quero esquecer a forma como tu bate no peito, cheio de orgulho, quando a gente pergunta: “Cadê o neném da vovó?”.

Não quero esquecer o jeito como tu chuta o potinho de comida do Dexter, para depois juntar ração por ração no chão e colocar de volta no lugar.

Não quero esquecer como tu grita “pai” com vontade, procurando ansioso o colo de quem tu tanto ama.

Na verdade, eu queria congelar cada momento que a gente passa junto para nunca esquecer da maravilha que é te ter por perto e poder curtir todas as tuas descobertas.

Com amor,
mamãe.

Enquanto espero

Faço listas, faço planos, leio, estudo, escrevo.

Curto o Vítor. Amasso. Abraço. Agarro. Dou colo. Beijos. Digo não. Digo sim. Ensino. Tento ensinar.

Como, tenho azia. Sinto dor. Coluna. Coluna. Coluna.

Vivo um pouquinho de tudo. Das aulas, do trabalho, da família, da casa.

E assim já se passaram praticamente 30 semanas.

Como deixar uma blogueira feliz

É muito simples, meu povo! Quem anda pela blogosfera afora já deve ter visto que tá rolando um concurso da Limetree na busca pelo melhor post do mundo. É claro que eu, metida que só vendo, tinha que participar.

Para ler o texto e me ajudar, basta clicar AQUI, curtir a página da Limetree no Facebook e depois votar em mim.

Agradeço muito quem puder colaborar. É coisa de menos de um minutinho!

Meu filho morde os coleguinhas

Eis que hoje chegou o bilhete que eu já esperava. “Mamãe, o Vítor está mordendo os coleguinhas”. Que novidade, penso eu. Se ele já devorava a mãe e o pai, imagina o que iria fazer com aqueles bebês, todos fofos e cheios de dobrinhas.

Na verdade, antes da irônia veio o sentimento “mãe de merda”. O que aconteceu com meu filho querido, amado e carinhoso? Foi trocado depois que fez um ano? Virou um pequeno monstro? Também imaginei a gente na pracinha e as outras mães apontando para meu filho e dizendo: “Aquele, o baixinho, ele é perigoso”.

Acontece que está difícil de lidar com a fase atual, das birras, dos tapas e das mordidas. A gente está sem saber o que fazer.

Para tentar achar uma solução liguei para a psicóloga da escola do Vítor, vulgo minha madrinha e vizinha. Ela disse que é normal, que é da idade. Comentou que é uma forma dos bebês se expressarem e que eles não fazem isso por maldade, como agressão.

Como orientação ela destacou que não devemos gritar nem fazer muito caso da situação. A melhor coisa seria conversar, dizer que faz dodói, que não é legal. Cem vezes. Mil vezes. Muito provavelmente um milhão de vezes. Mas insistir no papo cabeça, que uma hora vai passar.

Então tá, né? Vamos lá. E que ele não faça muitas vítimas até passar (tô pensando na pobre da irmã, quando nascer já vai levar uma bela dentada do mano, de recepção).

Terrible one, existe?

Vejo em diversos lugares textos sobre a fase do terrible twos. Mas e terrible one? Existe? Olha… aqui em casa sim!

Vítor está um pequeno demo. Não sei como cabe tanta personalidade em um corpinho tão pequeno. Diante de um ataque de fúria as pessoas olham e dizem que puxou por mim, mas abafa.

Ele já teve a fase de brigar após o banho, depois melhorou e agora voltou para estaca -50. Levo uns 20 minutos para vestir a criança e devo emagrecer uns cinco quilos enquanto faço malabarismos para colocar cada peça de roupa.

Mas o que mais me apavora é que agora ele bate nas pessoas. Em mim, no pai, em qualquer criatura que estiver por perto. Bate no rosto da gente, com força, e também puxa o cabelo.

Sem falar nas birras…

O que fazer? Já tentamos as seguintes etapas inúmeras vezes:

– Falar com jeitinho, explicar o que pode e o que não pode e pedir para parar.
– Cantar, dançar, fazer teatrinho e o diabo a quatro.
– Tentar distrair com um brinquedinho.
– Gritar desesperadamente: “Chega”, “Assim é feio” e coisas do gênero.
– Chorar de ódio pensando: “Onde foi que eu errei?”.

Tem dias que me sinto totalmente perdida. Alguém já passou pela mesma fase? Conselhos, pitacos, sugestões?


Não se engane com a minha carinha fofa e meu cabelo riponga!

Senta que lá vem história: o cocô

Este post é candidato ao concurso “O melhor post do mundo da Limetree

É óbvio que o melhor post do mundo tinha que falar da maior merda da humanidade e, principalmente, da maternidade: o cocô.

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Antes de ser mãe eu jamais poderia imaginar que um dia teria tanto contato, digamos assim, com cocô. Que ele faria parte da minha rotina e, inclusive, dos assuntos do dia, repassados com o marido entre uma garfada de comida e outra.

– Amor, o Vítor fez cocô hoje?
– Fez sim, duas vezes.
– E como tava?
– Ah, o primeiro um pouco mole, mas o segundo normal.
– Gostou do tempero da carne?
– Sim, ficou muito bom.

E a conversa continua, naturalmente.

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O primeiro cocô do recém-nascido é chamado de mecônio. Digamos que a aparência é bem assustadora, especialmente quando você tem o primeiro filho, está na maternidade e não faz a mínima ideia do que vem pela frente.

Quando eu estava no hospital com o Vítor e ele fez o tal mecônio não fiz a menor questão de limpar. A enfermeira se ofereceu e eu aceitei. Foi quase um “toma que o filho é teu”, mas na verdade era meu. De qualquer forma, não me arrependo. Foi um a menos. “Mas é bom para aprender”, já diria a minha vó. Como se fosse faltar oportunidade para eu aprender (na marra) o que é limpar bundinha de neném.

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Agora um “quem nunca” especial de mãe de primeira viagem. Qual mãe de RN que nunca jogou no senhor supremo Google algo do tipo: “Cocô normal de bebê”, “Cocô esverdeado” ou “Meu filho está X dias sem fazer cocô”. Detalhe quando a busca é através do Google imagens ou quando o site de maternidade possui uma galeria de fotos na notícia sobre cocô de bebê.

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Lindo é o dia em que o baby faz o primeiro explosivo em casa. De preferência quando tem visita. O povo vai para o quarto analisar a situação, mas na hora de colocar a mão no lenço umedecido todo mundo corre.

A mãe fica com cara de pânico, pois não sabe nem por onde começar. A situação é crítica praticamente do pescoço até os joelhos. Se for no inverno então… uma beleza. Tira o casaco, a roupinha, a calça de pijama que está por baixo e na hora de tirar o body chega o desespero. Nada que não possa ser resolvido sem sujar um pouquinho do cabelo da criança, que pode ser limpo com o cantinho de um paninho molhado na baba da mãe.

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E é claro que o primeiro explosivo tem que ser fotografado. Nada como registrar o bebê todinho sujo de cocô. Detalhe é quando as belas imagens caem na mão de outra pessoa qualquer, ou melhor, na mão de um colega de trabalho. Deixa que eu explico.

Uma vez um colega me passou umas fotos para eu colocar no site de um evento que fiz assessoria. Só que no meio dos arquivos estavam umas vinte fotos do filho dele, recém-nascido, lambuzado de cocô.

Fiquei meio sem jeito, mas como sou mãe fiz que entendi a situação. No outro dia ele se dá conta do que fez e me liga todo errado, pedindo desculpas. No fim da ligação ele diz: “E vê se não publica as tais fotos no site”. Pode deixar! Não publicarei.

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Tem um lugar que toda vez que o Vítor vai faz cocô. É na casa da dinda dele. Desde pititico ele chega lá, se ambienta e pronto: enche a fralda.

A estreia do ritual que foi incrível. Eu, mais atrapalhada impossível, fui em um dos quartos limpar. Deitei o bebê na cama, direto no lençol e comecei a tirar a roupa. Óbvio que o cocô tinha vazado e já sujou de cara o lençol. Enquanto tentava tirar o excesso Vítor fez xixi na modalidade mais amada pelas mães de meninos: o xixi de jatinho, que voa longe. Sujou a toalha e a roupa limpa que estava próxima e eu iria colocar nele. Sem falar que respingou também na minha roupa.

Enfim, caos absoluto e duas importantes lições. Primeira: nunca troque a fralda do bebê sem um trocador ou algo sujável, digamos assim, embaixo. Segunda: nunca confie em um pipi.

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Pior que a gente pensa que conforme a criança cresce o cocô melhora. Que nada, se você quase tem um tréco com as melecas de um RN espere a introdução dos sólidos. O cheiro piora mil vezes e as cores variam em uma paleta de arco-íris. Um dia cor pêssego, outro roxo beterraba, mais tarde um laranja cenoura. É quase uma obra de arte bebezística.

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O bom do aroma exaltado que o cocô adquire é que você nunca vai ficar sem perceber que a criança está suja. Primeiro que perto de um ano ou um pouco depois eles geralmente procuram um cantinho mais discreto para fazer cocô. Depois que fazem uma careta melhor que a outra, chegam a ficar vermelhos de tanta força. Terceiro que até o cachorro sente o cheiro e vai verificar a fralda do bebê. Não tem como se enganar.

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E como não tem engano, começa a fase do empurra. A mãe comenta, despretenciosa: “Tá na hora de trocar a fraldinha”. O pai logo responde: “Tua vez”. A mãe replica: “Eu troquei a última”. E assim vai, ad infinitum. Afinal, todos sabem, possivelmente até a vizinha do andar de baixo, que é caso de número dois.

– Mais informações sobre o concursono MMqD.
– A votação começa no dia 15 de junho, através do Facebook.

A viagem dividida e o tempo que não passa

Quando eu era criança minha mãe dividia a viagem em trechos. Se eu perguntava: “A gente tá quase chegando?”, ela respondia que faltavam tantos pedaços. Cada referência era de um ponto a outro, como da ponte até a polícia, do parque até o trem, e assim por diante.

Acabei adaptando a tal contagem de tempo para diversas situações da minha vida. A segunda gravidez, por exemplo, foi toda dividida em eventos. Primeiro o início do mestrado, depois o aniversário do Vítor,…

Enquanto eu tinha algo por esperar, digamos assim, uma etapa seguinte, a gravidez simplesmente passava junto, sem muita ansiedade. Acontece que minha última referência acabou na metade de maio e não consigo pensar em nada grande para usar de marcação. Resultado? Penso todo dia no parto e no nascimento da Clara.

Coisa de doido? Sim, eu sei. Mas preciso urgente de novos pedaços na minha linha do tempo.