Dois dias extremamente cansativos e desgastantes.
A quinta começou sem água. Isso mesmo: fui abrir a torneira para escovar os dentes e cadê? Nem um pingo para contar história. E daí, como faz? Liguei para o marido e lá foi a família toda almoçar fora.
Depois o Vítor foi para a escola e passei a tarde com a Clara. Até aqui tudo bem, apesar de continuar sem água. O terror foi no fim do dia mesmo.
Pegamos o Vítor na escola e fomos na casa da minha mãe. Ele chegou todo animado, feliz de encontrar o vovô e a vovó. Começou a brincar no jardim até que a labradora dos meus pais o empurrou e ele caiu. Foi o maior chororô. Bateu a cabeça em um degrau e eu fiquei desesperada. Não sabia o que fazer: se o segurava, oferecia água, levava para o hospital ou ligava para o pediatra. Então o Fábio me olhou e disse pra gente ir direto para a casa do médico do Vítor. Foi o que fizemos.
Chegamos lá e ele logo nos atendeu. Viu o machucado e disse que não seriam necessários pontos (o que me aliviou profundamente – imagina fazer pontos em uma criança de 1 ano e meio, nem um time de futebol segura a criatura enfurecida). Receitou um spray e um remédio para dor.
Fomos para casa e seguimos com o ritual normal de toda noite: janta, banho e cama. Só que a história trancou no último item. Vítor dormiu uma meia hora e acordou. Depois, não teve santo que o fizesse pegar no sono de novo. Fiquei com ele até uma 3h da madrugada, quando finalmente dormiu.
Óbvio que mãe de dois não tem sossego por muito tempo e a Clara logo acordou. Amamentei e dormimos as duas até às 9h, quando ela chorou de novo (com cocô até o pescoço, deve-se destacar). Banho no baby e geral na casa. Em seguida, acordei o Vítor, que levantou animado.
Fábio chegou para almoçar e decidimos não levar o Vítor na escola, em função do machucado na cabeça. Maldita decisão! Eu nunca tinha ficado o dia inteiro com os dois (e vi que não levo jeito).
A tarde foi interminável. Vítor estava chatinho, só queria olhar o maldito Cocó (Cocoricó). Eu fiquei estressada, pois estava cansada e com muito sono. Não consegui fazer nada direito: nem cuidar dele, nem arrumar a casa, nem comer e muito menos ir no banheiro (necessidades básicas pra quê, né?).
Em resumo: terminei nervosa e gritei um monte com o coitadinho. Fiquei descontrolada e descontei tudo nele. Agora tô aqui, morrendo de culpa e de ódio de mim mesma.
Mas sei lá, tem dias que eu queria ser só eu, sabe? Egoísmo? Talvez. Mas eu sempre pensei só em mim. Daí de dois, três anos pra cá tudo mudou. Eu não sou mais o centro da minha vida… ganhei duas vidinhas que ocuparam o lugar.
Meus filhos tomaram todo meu tempo, meu espaço. Eu os amo muito e não me imagino sem eles, mas de vez em quando sufoca. Em um dia como hoje eu só queria poder ficar sozinha, dormir, ler, escutar música ou assistir uma bobagem na televisão. Renovar as energias comigo mesma.
Bom, era para ser um relato e virou um desabafo. Anyway, desejo um ótimo fim de semana para todos. E uma boa noite de sono pra mim, pois é tudo que preciso agora.
(Aliás, a água voltou na noite de quinta, caso possa interessar).
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